8.5.06

APPLE


Alguém poderia imaginar que uma maçã, antes colorida e agora cinza, se tornaria mais famosa que a fruta que representa a cidade de Nova York ou a maçã, que é símbolo dos discos dos Beatles? Com certeza não. Em matéria de maçã como um símbolo, a da marca Apple talvez seja apenas comparável a de Adão e Eva. Mas o fato é que, quando se fala em símbolo e quando esse símbolo é uma maçã, com uma pequena mordida é bem verdade, o que hoje nos vem imediatamente à cabeça são produtos revolucionários e inovadores como o tocador de música digital iPod, o telefone celular iPhone, o tablet iPad ou os computadores iMac. A marca que traduz aos usuários toda a imagem da criatividade, inovação, design e originalidade, se tornou uma das mais cultuadas do mundo comanda por décadas por um gênio que se especializou em refinar ideias e conceitos já existentes e apresentá-los sob uma roupagem nova, capaz de gerar um incontrolável desejo de consumo em milhões de pobres mortais. 

A história 
Tudo começou quando os jovens engenheiros Steve Wozniak e Steve Jobs (foto abaixo), que tinham sido colegas de turma no colegial, vislumbraram a possibilidade de desenvolver e comercializar computadores pessoais. Ambos eram ávidos apaixonados por inovação e interessados em eletrônica. Após a graduação, continuaram amigos e em contato direto, trabalhando em empresas localizadas no Vale do Silício. Jobs trabalhava na Atari (clique aqui para conhecer a história desse ícone dos videogames) e Wozniack na tradicional Hewllet-Packard. Jobs com sua grande visão futurista insistia que ambos, mais Ron Wayne, deveriam tentar vender computadores pessoais. A ideia era desenvolver um microcomputador que pudesse ser menor e bem mais acessível que os modelos desenvolvidos pela lendária PARC. Essa ideia e união de três gênios resultaram no surgimento da APPLE COMPUTER COMPANY no dia 1° de abril de 1976. Quem diria que esses dois jovens hippies da Califórnia realizariam o sonho de levar o computador, até então desconhecido de muita gente, para dentro das casas.
  

O capital inicial da nova empresa, com sede na garagem da casa dos pais de Steve Jobs, era originário da venda de uma Kombi e de uma calculadora HP (conheça essa outra história aqui). A palavra “apple” foi escolhida por três razões: o nome iniciava-se com “A”, portanto apareceria listado na frente da maioria dos competidores; ninguém esperaria uma associação de sentidos de uma maçã com computadores, sendo uma aposta no inusitado; e uma maçã está ligada a uma vida saudável (“an apple a day keeps the doctor away”). Além do mais, muito acreditam que a maçã desenhada com faixas era uma alusão à marca listrada da poderosa IBM e o pedaço mordido uma clara referência ao pecado bíblico. Foi nessa garagem que eles construíram 50 computadores em 30 dias para um varejista local, vendendo por US$ 500 cada peça.
  

Steve Jobs, não queria somente vencer a concorrência no ramo dos computadores pessoais, mas sim, mudar uma sociedade, criar uma nova perspectiva de vida para uma nova geração que estava por vir. A recém-fundada empresa resolveu então colocar no mercado um computador batizado de Apple I, criado e desenvolvido por Wozniack. Porém, os hobistas não levaram o Apple I, vendido por US$ 666.66, a sério e os computadores da empresa só decolaram em 1977, quando o Apple II foi apresentado em uma feira de informática. Primeiro computador a ter o CPU feito de plástico e com designs gráficos coloridos, era uma máquina impressionante capaz de rodar programas gráficos, jogos eletrônicos e utilitários, e fez muito sucesso, apesar de seu preço elevado, cerca de US$ 1.200. Em meados de 1978, o lançamento do Apple Disk II, o floppy drive mais barato da época, fizeram com que as vendas da empresa disparassem.
   

Com o aumento das vendas, veio também um aumento significativo da empresa e pôr volta de 1980, quando o Apple III foi lançado no mercado, a empresa começou a vender seus computadores também para o exterior. No afã de dar continuidade à revolução que iniciou, Jobs cometeu o que talvez tenha sido seu primeiro erro: mandou seus projetistas eliminarem a ventoinha do Apple III, o que resultou na necessidade de substituir milhares de unidades danificadas por superaquecimento. Três anos mais tarde, seria lançada uma versão revisada do Apple III, mas a imagem da máquina já tinha sido irremediavelmente arranhada pela falha de projeto do modelo anterior. Em 1981 as coisas começaram a se complicar. Primeiro, o mercado ficou saturado dificultando as vendas. Depois, Wozniack sofreu um acidente aéreo ficando ausente da empresa e Steve Jobs assumiu o controle. E para complicar, o estrondoso fracasso do computador Lisa, batizado assim em homenagem a filha de Jobs. Era o início de uma grande crise que culminaria com a saída de Steve Jobs da empresa após feroz desentendimento com John Sculley, CEO da Apple na época.
  

Nem o estrondoso lançamento do MACINTOSH em 1984 foi capaz de conter a crise. De uma hora para outra os computadores da Apple perderam o brilho e traziam uma interface desatualizada para os padrões da época, com características que desagradavam aos consumidores. Foi apenas em 1991 que a Apple começou a acordar de seu pesadelo e lançou o primeiro PowerBook, um computador portátil que reconquistou o público, alcançando um grande sucesso nas vendas. Apesar de todas as ações tomadas pela empresa, em 1995 a Apple continuava em crise. Com problemas para compra de peças e montagem de produtos, a empresa ainda tinha que lidar com questões jurídicas envolvendo a Microsoft e seu Windows 95, que copiou descaradamente a interface gráfica do Mac.
   

Em meados dessa década, quase a beira da falência, a Apple começaria a protagonizar uma das maiores reviravoltas que o mundo dos negócios já tinha presenciado, justamente após a volta de Steve Jobs a empresa em 1996. Com o gênio de volta a marca da maçã iniciou uma sequência incrível de lançamentos de produtos e programas, dentre os quais o iMac (computador cujo gabinete era integrado ao monitor e cuja beleza e ausência dos já conhecidos cabos conectores chamou a atenção do público jovem e colaborou com a popularização da marca), e depois com o iPod (permitiu que as pessoas transportassem todo o seu acervo de músicas no bolso), iPhone (redefiniu a categoria de smartphones ao se mostrar fácil de usar e reunir uma série de funcionalidades de computação e entretenimento em um só aparelho) e o iPad (que consolidou o mercado de tablets e inaugurou a “era pós-PC”). Além disso, a empresa da maçã lançou o iTunes, um player moderno que armazenava, organizava músicas e as sincronizava com o iPod. Junto ao player, a iTunes Store, uma loja em que milhões de músicas podiam ser compradas online, por um preço razoável, e que aproveitou o declínio nas vendas de mídias físicas e transformou a Apple na maior vendedora de música no mundo.
   

Todos esses produtos se tornaram estrondosos sucessos de vendas e revolucionaram o mundo dos computadores e da comunicação, acabando com as inúmeras crises por qual a empresa passou, transformando-a na mais inovadora e uma das mais poderosas e influentes do mundo. Afinal, Jobs soube como nenhum outro, utilizar a tecnologia como um instrumento para influenciar a cultura e satisfazer, muitos diriam até mesmo criar, desejos e necessidades em consumidores de todo o planeta. E essas maquininhas fantásticas criadas pela Apple, além de contribuíram para a formação de um estilo de vida conectado, afeito à mobilidade e no qual a informação trafega fácil e rapidamente, colocaram o mundo na ponta dos dedos de milhões de consumidores, que transformaram uma maçã mordida em ícone de adoração, arregimentando uma legião de devotos, aquilo que os profissionais de marketing chamam de evangelizadores da marca.
  

A crise vivida em boa parte dos anos de 1990 não impediu que Apple fosse pioneira ao lançar produtos revolucionários, como por exemplo, a impressora laser PostScript; o Desktop Publishing; a Universal Serial Bus, popularmente conhecida como entrada USB que substituiu diversas outras, se tornando um padrão mundial, e atualmente usada em Pen Drives e MP3 Players; os primeiros laptops com mouse de série e teclados externos (série PowerBook 100, introduzidos em 1991); o abandono do leitor de disquetes (iMac original, introduzido em 1998); o primeiro computador disponível comercialmente a se basear principalmente no USB para a conexão de periféricos (iMac original, introduzido em 1998); e o primeiro laptop com monitor de tela larga (PowerBook G4, introduzido em 2000).
  

Em junho de 2005, Steve Jobs surpreendeu o mundo da informática ao anunciar que a Apple estava trocando os processadores PowerPC de seus computadores por processadores da marca Intel. Os primeiros modelos de Macintosh equipados com chips da Intel apareceram à venda no começo do ano seguinte: o MacBook Pro e o iMac, ambos equipados com o processador Intel Core Duo. A frase da campanha para o lançamento dos novos modelos, bastante provocativa, era: “O que um chip Intel faria dentro de um Mac? Muito mais do que já fez em qualquer PC”.
   

Apesar de vender vídeos e alguns curtas da Pixar, a Apple resolveu ampliar os serviços de sua loja digital quando, em setembro de 2006, lançou o iTunes 7, cujo acervo inicial (nos Estados Unidos) incluía 75 filmes dos estúdios Disney, Pixar, Touchstone e Miramax, com preço fixo de 14.99 dólares para lançamentos e US$ 9.99 para filmes de catálogo. Com o lançamento de dois novos produtos, o Apple TV e o iPhone, durante a MacWorld 2007, a Apple anunciou a mudança do seu nome de Apple Computers Inc. para APPLE INC. Esta mudança ocorreu principalmente pelo novo posicionamento mercadológico que a empresa passou a adotar. A empresa, com estes dois novos produtos, e juntamente com o iPod e seus computadores, passou a atuar não somente no mercado de informática mas também no mercado de eletrônicos.
   

Com a morte de Steve Jobs no início do mês de outubro de 2011, a torcida dos fiéis devotos da maçã prateada é de que os homens escolhidos a dedo por ele para seguir com o seu legado, como Tim Cook (para o cargo de CEO), Jonathan Ive (vice-presidente de design e comandante de uma área vital para que os aparelhinhos da inovadora maçã façam o sucesso estrondoso) e Phil Schiller (vice-presidente de marketing), tivessem aprendido com o mestre não só a hora de ser pragmático, mas, sobretudo, como ser detalhista e visionário. O desafio desde então foi mostrar que a Apple podia manter acesa a chama da inovação, a capacidade de revolucionar o mercado e influenciar a sociedade. E a Apple conseguiu.
   

Com o crescente aumento da concorrência, especialmente por parte da coreana Samsung e do Google, a Apple contra-atacou em maio de 2014 ao adquirir por US$ 3 bilhões a fabricante de fones e acessórios de música Beats Electronics (conheça essa história aqui), fundada pelo rapper Dr. Dre. Essa aquisição foi a maior da companhia americana até então, superando o pagamento de US$ 450 milhões feito em 2011 pela Anobit Technologies, uma desenvolvedora de semicondudores para memórias Flash.
   

Nos anos seguintes, com o enorme aumento da concorrência e desenvolvimento de novas tecnologias, a Apple acelerou o aprimoramento dos produtos já existentes e lançou novos produtos (como um relógio inteligente que visava explorar o crescente poder dos sensores que podiam detectar a temperatura do corpo, localizações geográficas e obedecer comandos de voz da pessoa em movimento) e serviços, como por exemplo, streaming de vídeos e músicas, sistemas de conectividade, sistema de pagamento por aproximação e carteira digital, entre outros.
  

Além disso, em 2020, a Apple lançou os primeiros computadores Mac com processadores próprios (batizados de M1 e marcando o início de seu afastamento dos chips da Intel), que oferecem bateria com maior duração e permite que os computadores executem aplicativos projetados para dispositivos móveis. Já os lançamentos preparados e esperados para 2021 devem contar com AirTags (gadget para encontrar objetos em que o dispositivo esteja afixado, como mochilas, carteiras e afins), novos AirPods™ (fones sem fio) e até um dispositivo de realidade aumentada.
  

A Apple revolucionou a tecnologia pessoal com a introdução do Macintosh em 1984. Hoje, a empresa lidera o mundo em inovação com MacBooks poderosos, iMacs que carregam toda a potência de um computador dentro do próprio monitor, iPhones, iPads e Apple Watches cada vez mais versáteis. As quatro plataformas de software da Apple - iOS, macOS, watchOS e tvOS - fornecem experiências perfeitas em todos os dispositivos da marca e capacitam pessoas com serviços inovadores, incluindo App Store, Apple Music, Apple Pay e iCloud. Por isso hoje, a Apple é uma das marcas mais desejadas, poderosas e influentes do planeta, capaz de despertar em milhões de pessoas o desejo por produtos que possuem uma pequena maçã como símbolo.
  

A linha do tempo 
1984 
Macintosh, primeiro computador pessoal a popularizar a interface gráfica amigável com um sistema operacional revolucionário. 
1991 
Quicktime, primeiro player criado para computadores. Era um poderoso software de multimídia capaz de reproduzir arquivos de vídeo, som, animação e música de vários formatos. 
Powerbook 100, a nova geração do Macintosh portátil, vendido inicialmente por US$ 2.500. Este computador ajudou a solidificar a reputação da Apple em produzir desktops e laptops de alta qualidade. 
1997 
Powermac G3 e Powerbook G3, computadores e notebooks mais rápidos da época, desenvolvidos para profissionais de computação gráfica. Esses computadores eram baseados em uma nova série de processadores. 
1998 
iMac, um computador sem disquetes (apenas CD), com entradas USB (primeiro computador a oferecer isso), design inovador e várias opções de cores, que se tornou um ícone pop e ganhou o título de computador pessoal que mais vendeu em seu lançamento. Era chamado de “a segunda revolução” dos PCs. 
1999 
iBook, versão portátil do iMac que acumulou 140.000 pedidos de compra antes mesmo de sua estreia oficial nas lojas. 
Powermac G4, um computador voltado para profissionais de publicidade e designers. 
2001 
iPod, um tocador portátil de arquivos MP3 que se tornou um sucesso instantâneo de vendas. Este primeiro modelo era compatível apenas com os computadores Macintosh, tinha capacidade de 5GB e chegou às lojas dos Estados Unidos por US$ 399. Nos dois primeiros meses o produto vendeu 125 mil unidades. Com capacidade para guardar mil músicas e fazer seleções personalizadas, dominaria o mercado, tornando-se o Walkman da geração digital. Em todas as suas versões o iPod vendeu mais de 350 milhões de unidades. 
Mac OS, um sistema operacional próprio, que estreou no mercado depois de uma longa batalha com a Microsoft, em virtude do sistema operacional Windows. Nos anos seguintes a empresa lançou versões aprimoradas de seu sistema operacional como o Mac OS X (2001), que apresentou uma grande evolução de estética e usabilidade; Mac OS X Leopard (2007), que apresentou recursos como um sistema de backup de arquivos conhecido como “Time Machine”, melhoras nos sistemas de email e mensagens instantâneas, capacidade de visualizar documentos ou arquivos sem abrir um programa separado, e acesso rápido a outros computadores em uma rede doméstica ou de escritório; OS X Snow Leopard (2009); OS X Mountain Lion (2012); OS X Mavericks (2013); OS X Yosemite (2014); e o mais recente OS X Big Sur (2020). 
iTunes, melhor player de música já criado, sendo desenvolvido para reproduzir e organizar arquivos de música e vídeo digitais. Pelo iTunes também seria possível fazer compras de músicas e vídeos, além de carregar arquivos. A sentença de morte para o popular iTunes chegou em 2019 quando a Apple anunciou que o sistema Mac OS Catalina substituiria o programa por apps para diferentes tipos de conteúdo: Apple Music (streaming de música e videoclipes), Apple TV (filmes e séries), Apple Podcasts e Apple Books (este já independente do iTunes). 
2002 
iMac LCD, nova versão do iMac que apresentou um design surpreendente, similar a um abajur, com uma tela de cristal líquido presa a uma haste móvel. O novo iMac era o primeiro computador-objeto de decoração que o mundo já viu. 
2003 
iTunes Store, um dos maiores acervos de música digital legalizado do mundo, criado para venda de músicas, clipes, álbuns, seriados e até filmes através da internet. Foi uma resposta da Apple para a disputa entre as gravadoras e os usuários de sistemas de downloads de músicas. Vendendo músicas avulsas de forma eficiente e relativamente barata pela internet, o novo sistema inaugurou o futuro da indústria musical. Em abril de 2008, a iTunes Store ultrapassou o Walmart e tornou-se a maior vendedora de músicas do mundo. 
Safari, um navegador de internet introduzido pela Apple junto com seu sistema operacional MAC OS X no dia 7 de janeiro. 
2004 
iPod Mini, versão menor do aparelho original. Foi descontinuado em 7 de setembro de 2005, sendo substituído pelo iPod Nano. 
iPod Photo, que apresentava uma tela colorida com capacidade de armazenar e exibir imagens (em vários formatos como JPEG, BMP, GIF, TIFF e PNG) e executar música por até 15 horas. Em 2005 este aparelho se fundiria com a linha iPod. 
2005 
iPod Nano, um aparelho com design mais fino, que viria a substituir o iPod Mini. Estava disponível em cinco cores cheias de estilo, display mais brilhante, com capacidade de 2GB, 4GB e 8GB. A maior novidade em relação ao seu antecessor era a substituição do HD por memória flash, o que fez com que o tamanho e o peso fossem drasticamente reduzidos. 
iPod Shuffle, versão mais simples do iPod, criado com o intuito de ser menor, mais leve e mais barato. Além de não contar com um visor e com um Click Wheel, também não utilizava um HD. 
Mac Mini, até então menor computador desktop vendido pela Apple, que foi desenvolvido com o objetivo de atrair proprietários de computadores Windows, iPods, modelos mais antigos de Macintosh, e qualquer um que se interessasse por um computador pessoal pequeno e fácil de usar. 
2006 
MacBook, um computador portátil, sucessor do iBook, que possuía melhorias significativas como tela Wide Screen e os processadores Intel Core Duo que maximizaram a confiabilidade, velocidade e, principalmente, o consumo de energia em relação ao antecessor. 
MacPro, uma workstation totalmente voltada pro mercado profissional, e quase sempre é o hardware mais poderoso em termos técnicos que a Apple mantém no mercado. 
2007 
 iPhone, produto que se tornaria o maior sucesso da marca em toda sua história. 
iOS, um sistema operacional móvel desenvolvido inicialmente para o iPhone, e atualmente utilizado no iPod Touch, iPad e Apple TV. A interface do usuário era baseada no conceito de manipulação direta, utilizando gestos em multi-toques. A interação com o sistema operacional incluía gestos como apenas tocar na tela, deslizar o dedo, e o movimento de “pinça” utilizado para ampliar ou reduzir imagens. 
iPod Touch, versão que apresenta os recursos Cover Flow e Multi-Touch para a linha do iPod. 
Apple TV, aparelho capaz de executar vídeos digitais gravados em computadores nos televisores. Em 2010 foi lançada uma nova versão do aparelho, bem menor que a anterior. Além disso, os usuários podem acessar streaming de música a partir de seus computadores e usar o AirPlay para enviar conteúdo multimídia de seus dispositivos. Em pouco mais de um mês a empresa vendeu mais de 250 mil unidades da nova versão do aparelho. No geral, a Apple TV é uma central de mídia onde é possível alugar e reproduzir filmes, músicas, ver fotos e assistir a alguns canais de televisão. 
2008 
Mac Book Air, o mais delgado, leve e irresistível computador portátil da história, com apenas 1.9 centímetros de espessura, pesando 1.36 quilos e tela de 13.3 polegadas. O laptop contava ainda com uma câmera embutida iSight e não incluía leitor ou gravador de CD ou DVD, mostrando que a Apple apostava cada vez mais na transmissão de dados sem fio. O produto foi apresentado na MACWORLD por Steve Jobs que fez questão de tirá-lo de dentro de um envelope ofício para reforçar suas proporções. 
App Store, loja online para venda de programas e aplicativos para iPhone, e posteriormente iPads, em várias categorias, incluindo jogos, negócios, notícias, esportes, saúde e viagens. Inicialmente oferecia 500 aplicativos. A loja alcançou sucesso imediato, impulsionando as vendas do smartphone e ajudando a remodelar a forma de distribuição de conteúdo para celulares. Em abril de 2009 atingiu 1 bilhão de downloads (o aplicativo de número 1 bilhão foi o Bump, baixado por um americano). Atualmente a loja oferece mais de 1.8 milhões de aplicativos. 
2009 
Magic Mouse, um mouse sem fio com tecnologia inteiramente sensível ao toque inspirado no iPhone. O novo produto, com design moderno e superfície sem emendas, dispensava os botões e permitia ao usuário manipulá-lo apenas com o movimento dos dedos. Apenas com gestos, os usuários podiam paginar documentos, girar imagens grandes ou avançar páginas da internet. Podia ser configurado para canhotos e funcionava até dez metros de distância do computador. 
2010 
iPad, primeiro aparelho em formato de prancheta digital da marca, que une computador, videogame, tocador de música e vídeo, além funcionar como leitor de livro digital. Pesando pouco menos de 700 gramas e equipado com uma tela sensível a múltiplos toques de 9.7 polegadas, com espessura total de 1.2 centímetros, o aparelho, apresentado como “mágico” e “revolucionário”, pois para digitação podia ser ligado a um teclado externo próprio ou apenas utilizar as teclas virtuais exibidas na tela. A principal novidade era o aplicativo iBooks (para leitura de livros eletrônicos), resultado de diversos acordos de distribuição de conteúdo da empresa com diversas editoras. O aparelho chegou às lojas dos Estados Unidos custando a partir de US$ 500 na versão mais barata, e vendeu em seu primeiro dia 300.000 unidades. Em 80 dias já tinham sido vendidos mais de 3 milhões de aparelhos; e em dezembro atingiu a marca de 14.7 milhões de unidades. Um verdadeiro sucesso. 
Apple AirPlay, tecnologia de streaming sem fio de músicas, vídeos, fotos, podcasts e jogos dos aparelhos Apple para TVs ou caixas de som. Foi introduzido em 2004 com o nome de AirTunes e relançado neste ano como AirPlay. Em 2018 foi lançada a segunda geração com o nome de AirPlay 2, cujo principal recurso é a capacidade de reproduzir som em mais de um dispositivo ao mesmo tempo. 
2011 
Mac App Store, loja online com cerca de mil aplicações gratuitas ou pagas para os computadores Mac. 
iCloud, serviço de armazenamento de conteúdo a distância via internet, através do qual é possível fazer downloads de músicas e outras mídias e compartilhá-los simultaneamente em qualquer aparelho da Apple. 
2012 
iPad Mini, tablet com tela de 7.9 polegadas (a versão original possui 9.7 polegadas). 
2013 
iPad Air, tablet que manteve a tela de 9.7 polegadas do antecessor, mas é mais fino, leve e rápido. 
iTunes Radio, sistema de streaming de músicas desenvolvido para usuários do sistema operacional iOS. 
New Mac Pro®, projetado com base em um inovador núcleo térmico, a novidade apresentava os mais recentes processadores Intel Xeon com até 12 núcleos, duas GPUs classe workstation, seis portas Thunderbolt 2, armazenamento flash baseado em PCIe e memória ultra-rápida. O resultado é um computador profissional com desempenho sem precedentes, contido em um design que tem apenas 25.1 cm de altura e tem um oitavo do volume de seu antecessor. 
2014 
iOS 8, nova versão do sistema para aparelhos móveis que trazia novidades na Siri (a assistente de voz agora pode ser acionada sem que seja preciso encostar no telefone, bastando dizer “Hey, Siri”), fotos (com o aplicativo iPhotos, que permite acesso a qualquer foto tirada em qualquer aparelho da marca pertencente ao usuário), digitação e notificações. 
Apple Pay, um sistema de pagamento por aproximação e carteira digital que oferece aos usuários uma maneira fácil, segura e confidencial de fazer pagamentos usando dispositivos da empresa (iPhone, iPad, Apple Watch e Mac) sem precisar usar cartão ou dinheiro físicos. 
Apple CarPlay, um sistema conectividade que oferece uma maneira inteligente e segura de usar o iPhone enquanto se dirige um automóvel. O sistema possibilita destravar as portas e ligar o motor com o iPhone, ver o itinerário, fazer ligações, enviar e receber mensagens e curtir músicas. Tudo na tela integrada do carro. Atualmente os principais fabricantes de automóveis já oferecem mais de 500 modelos compatíveis com o CarPlay. 
2015 
Apple Watch, primeiro relógio inteligente da marca, que dentre inúmeras características possuía sensores de luz ambiente, frequência cardíaca, acelerômetro, giroscópio, função multimídia baseada no microfone e em alto-falantes, conectividade por Wi-Fi e Bluetooth 4.0, resistência a água e tela sensível a toque e pressão, além de oferecer 20 modelos diferentes com cores e pulseiras variadas. Nos Estados Unidos, a Apple é a principal marca de smartwatches, segundo dados de uma empresa de pesquisa, detendo 50% do mercado. 
Apple Music, um serviço de streaming que permite escutar mais de 70 milhões de músicas. Além disso, esse serviço por assinatura oferece recursos incríveis como baixar as faixas favoritas e ouvir sem conexão, ver as letras em tempo real, escutar em todos os aparelhos da Apple, receber recomendações de novas músicas personalizadas, e acessar playlists feitas por editores, rádios ao vivo e conteúdo original e exclusivo.
2016 
Apple AirPods™, fones sem fio inovadores que usam tecnologia avançada para reinventar como se ouve música, faz ligações, assiste a filmes, joga e interage com a Siri® - tudo isso com uma experiência de áudio sem fio que era impossível até então. Segundo analistas, o AirPods™ pode ter se tornado o segundo produto mais bem-sucedido da empresa em seus primeiros dois anos, atrás apenas do iPad, vendendo mais de 25 milhões de unidades. 
2018 
Apple HomePod, um sistema inteligente de reprodução de conteúdos de áudio, concorrente dos dispositivos Amazon Echo e Google Home. O dispositivo funciona com o assistente digital de voz Siri e está projetado para oferecer um som de alta qualidade. 
2019 
Apple TV+, um serviço de streaming de vídeo sob demanda incluindo filmes, séries premiadas, dramas envolventes, documentários surpreendentes, diversão para as crianças, comédias e produções originais. O serviço tem mais de 10 milhões de assinantes. 
2020 
Apple One, plano de assinatura único mensal que combina a oferta de serviços da empresa, como iCloud, Apple Music, Apple TV+, Apple Arcade, Apple News+ e o novo Apple Fitness+ (incorpora métricas do Apple Watch com inteligência para o usuário ter acesso a ofertas personalizadas de treinos para todos os níveis de habilidade na tela dos dispositivos da marca). Com uma única assinatura, os clientes de mais de 100 países podem aproveitar seus serviços favoritos em todos os seus aparelhos, incluindo iPhone, iPad, iPod Touch, Apple TV e Mac.


Uma lenda chamada Macintosh 
Muito antes de revolucionar o mundo com o iPod, o iPhone e o iPad, a Apple transformou a computação pessoal com a criação do lendário Macintosh, conhecido carinhosamente como Mac. A possibilidade de controlar o computador através de uma interface gráfica com ícones e um mouse abriu as portas da computação para os não-especialistas, da mesma forma que as telas sensíveis ao toque deixaram praticamente qualquer um confortável com smartphones ou tablets. As bases do projeto Macintosh surgiram no início de 1979 com Jef Raskin, que idealizou um computador fácil de utilizar e barato para o grande público. Em dezembro foi autorizado a iniciar o projeto e começou a procurar um engenheiro capaz de construir o primeiro protótipo. Bill Atkinson, membro do projeto Lisa, apresentou-o a Burrell Smith, um técnico que acabara de ser contratado naquele ano pela Apple. O primeiro protótipo obedecia às especificações de Jef Raskin: tinha 64 KB de memória, utilizava o lento microprocessador 6805E da Motorola e tinha um monitor de 256 x 256 pixels em preto e branco. Esta máquina utilizava menos controladores de memória que o computador Lisa, tornando sua fabricação bem mais barata.
   

O projeto inovador do Macintosh atraiu a atenção de Steve Jobs que abandonou o projeto Lisa para se concentrar no que viria a ser um dos maiores sucessos do setor. Em janeiro de 1981, assumiu a direção do projeto, forçando Jef Raskin a sair. O nome “Macintosh” deriva de uma espécie de maçã, sem o “a” de Mac, que por sua vez ganhou esse nome a partir do sobrenome do responsável pela descoberta, no Canadá, em 1811, um fazendeiro descendente de escoceses chamado John McIntosh. A fruta ficou tão famosa por sua textura e doçura que é considerada a maçã nacional do Canadá, com direito a uma placa comemorativa no lugar em que a primeira árvore foi plantada pela família McIntosh.
   

O computador foi apresentado ao público de forma estrondosa em 22 de janeiro de 1984, durante o intervalo do Super Bowl (final do campeonato de futebol americano profissional), evento esportivo de maior audiência nos Estados Unidos, e que possui os 30 segundos mais caros da publicidade mundial. O célebre comercial, intitulado de “1984”, dirigido por Ridley Scott e apresentado uma única vez, foi considerado um dos melhores na história da publicidade mundial. O comercial consistia em uma metáfora para a liberdade, onde o Grande Irmão (figura da famosa borá de George Orwell) simbolizava a gigante IBM (conheça a história aqui). O comercial pode ser assistido clicando aqui.
  

O Macintosh chegou às prateleiras das lojas com um preço de US$ 2.495. Inicialmente as vendas foram até que boas, mais de 50 mil unidades nos primeiros 100 dias, porém no natal desse mesmo ano, não se sustentaram devido a alguns problemas que o computador apresentava como a memória RAM e a conectividade do disco rígido. Apesar desses problemas, o Macintosh possuía um sistema operacional revolucionário, de uso fácil e intuitivo, utilizando nomes como “lata de lixo” e “notas” em substituição aos complicados comandos dos computadores antigos. O Macintosh foi o primeiro computador pessoal a popularizar a interface gráfica (GUI), na época um desenvolvimento revolucionário. Foi com o Macintosh que o mercado descobriu o desktop publishing, a arte de permitir ao próprio usuário, em casa ou no escritório, criar e editar em ambiente gráfico suas próprias cartas e material impresso com qualidade até então só disponível nas gráficas. A primeira campanha de marketing do Macintosh, chamada de “Test Drive a Mac”, foi introduzida no mercado em dezembro, onde celebridades como Mick Jagger, Michael Jackson e Andy Warhol foram presenteadas com o revolucionário computador, considerado pilar inicial para a fama de marca inovadora que a Apple construiria nas décadas seguintes.
  

Ao longo dos anos o Macintosh passou por inúmeras atualizações e mudanças, incluindo um novo nome (iMac) e design revolucionário, como mostra abaixo a imagem.
  

Criando um objeto de desejo 
Toda a empresa sonha em criar um produto que se torne um objeto de desejo para milhões de pessoas. E foi justamente isso que a Apple fez ao criar o iPhone, responsável por transformar a empresa nesse gigante poderoso que é hoje. No dia 10 de janeiro de 2007, que mais parecia final da Copa do Mundo, nas lojas da Apple, milhares de fãs se aglomeravam em frente aos monitores de televisão para ver o presidente da empresa, Steve Jobs, anunciar o iPhone seis meses antes de ser lançado no mercado. Poucas horas depois do anúncio, os papéis da empresa na Bolsa de Valores subiram 8.3% deixando a Apple US$ 6 bilhões mais rica. Lançado oficialmente no dia 29 de junho, o iPhone era um smartphone com design inovador e funções de tocador de áudio, câmera digital e internet. A navegação era feita através de sua tela sensível a múltiplos toques (multitouch). Destacava-se ainda pela utilização de uma versão “enxuta” do sistema operacional OS X. Outra característica da interface era a fluidez dos movimentos e trocas de telas. Para o desenvolvimento do aparelho, a Apple investiu US$ 150 milhões e empregou aproximadamente 1 mil pessoas para trabalhar no projeto - que foi concluído após 30 meses. O iPhone foi lançado ao preço de US$ 499 (4 GB) ou US$ 599 (8 GB), e amparado por uma enorme campanha publicitária que utilizava o slogan “Apple reinvents the phone”. Em apenas um ano foram vendidos 6.1 milhões de aparelhos.
   

Nos anos seguintes a Apple lançaria novas gerações do smartphone como: iPhone 3G (2008), mais fino e maior que seu antecessor, além de ser vendido nas cores brancas e pretas; iPhone 4 (2010), que trouxe novas funcionalidades como resolução de imagem melhor, possibilidade de fazer ligações com vídeo, câmera de 5 megapixels com Flash de LED, bateria com vida mais longa, além de abandonar as formas arredondadas; iPhone 4S (2011), que embora tenha o mesmo design da versão anterior, trazia consideráveis melhorias, como por exemplo, a câmera e o processador mais poderosos, e ao menos um recurso potencialmente revolucionário, que atende pelo nome de Siri (pelo qual basta que o usuário fale com a máquina para que ela entenda e obedeça); iPhone 5S (2013), 18% mais fino, 20% mais leve, duas vezes mais rápido e com a tela meia polegada maior que o modelo anterior; iPhone 5C (2013), que apresentou corpo de plástico, tela de Retina com 4 polegadas, disponível nas cores verde, branca, azul, rosa e amarelo; iPhone 6 (2014), que apresentou um aumento do tamanho da tela de 4 para 4.7 polegadas em relação ao seu antecessor, além de oferecer o modelo Plus (com tela de 5.5 polegadas); e iPhone 7 (2016), que apresentava um novo processador, resistência à água e poeira, alto-falantes estéreo, câmera dupla, sistema de estabilização ótica na câmera, além de 60% mais velocidade.
  

Depois surgiram os modelos iPhone 8 (2017), que oferecia um novo sistema de carregamento sem fio, a utilização de vidro na parte traseira e um novo processador; iPhone X (2017), modelo posicionado como Premium, que oferecia bordas menores, tela de 5.8 polegadas, além de ser construído em alumínio e vidro, uma necessidade para oferecer a recarga sem fio; iPhone XR (2018), que oferecia uma vasta opção de cores (branco, preto, azul, coral, amarelo e vermelho) e desempenho ainda mais veloz; iPhone 11 (2019), disponível em seis cores, oferecia novidades como sistema de câmara dupla ultra larga e câmera tripla (na versão Pro); e iPhone 12 (2020), que oferecia novidades como biometria por Face ID (com reconhecimento do rosto), design refeito (com lateral reta), tela OLED, compatibilidade com internet 5G e sistema que permite plugar acessórios por magnetismo. Segundo estimativas de mercado a Apple já vendeu aproximadamente 2 bilhões de iPhones desde seu lançamento; e as vendas em 2020 ficaram próximas a 195 milhões de unidades. Além disso, grande parte do crescimento da receita de serviços da empresa só tem sido possível por conta de todos os iPhones que circulam ao redor do mundo.
    

Acompanhe na imagem abaixo a evolução de design do iPhone ao longo desses mais de 13 anos.
  

Nem tudo foi sucesso 
É normal que hoje em dia as pessoas enxerguem a Apple e seus produtos como um verdadeiro sucesso. Mas ao longo de sua história, a empresa da maçã amargou fracassos estrondosos como: 
Lisa (1983), primeiro computador com interface gráfica, conhecida como GUI, o que mudava para sempre o mundo da informática. Era a primeira vez que uma máquina podia ser usada por qualquer um, sem linguagem especial, pois a operação era feita através de menus e comandos simples. O avançado computador tinha 1MB de memória RAM, dois drives de disquete, disco rígido de 5MB e um monitor de 12 polegadas. Outra inovação era o mouse. Mas seu alto preço (aproximadamente US$ 10.000) não empolgou o público. O nome do computador foi inspirado na filha de Steve Jobs. 
Newton Message Pad (1993), primeiro assistente pessoal digital (PDA, na sigla em inglês) com tela sensível ao toque (touch screen), que surgia para destronar os modelos da IBM e da Palm. Seu sistema inovador de reconhecimento de escrita, contudo, ficou só na promessa: o aparelho registrava os caracteres errados. Apesar de ter sido um fracasso comercial, o Newton estabeleceu a base de uma nova categoria que foi a precursora e inspiradora de aparelhos como o BlackBerry, o Palm Pilot e o Pocket PC. 
Macintosh Portable (1989), primeiro modelo de computador portátil da marca. Pesando 7.2 kg e desajeitado devido ao seu tamanho, o modelo era considerado mais uma “mala” do que um portátil. 
Macintosh TV (1993), primeira investida da empresa no mercado televisivo. Tudo poderia dar certo se o computador permitisse assistir à TV em uma pequena janela enquanto se utilizasse seus recursos. Mas, infelizmente, a coisa não era tão perfeita assim. As duas tarefas eram independentes e uma só poderia ser usada se a outra estivesse desligada. A limitação do aparelho e o preço absurdo de US$ 2 mil contribuíram para suas fracas vendas (somente 10 mil unidades foram produzidas em seu curtíssimo período de apenas cinco meses de vida). 
Quicktake (1994), uma das primeiras câmeras digitais voltadas para o consumidor doméstico que se tornou um tremendo fracasso comercial, muito em virtude devido aos míseros 640x480 pixels de resolução. Ficou no mercado durante três anos. 
Apple Pippin (1996), um videogame que se tornou um enorme e estrondoso fracasso devido a dois fatores: pouca quantidade de jogos publicados e ao grande número de consoles que eram vendidos com defeitos de fabricação. 
G4 Cube (2004), um computador com design extremamente moderno, mas que não decolou em vendas por ser mais caro dos que os demais modelos da Apple. Esteve à venda por apenas um ano.
  

O encontro dos maníacos pela maçã 
A Macworld/iWorld (anteriormente conhecida como Macworld Conference & Expo) era uma feira anual realizada em janeiro que se converteu no principal ponto de peregrinação da comunidade de empresas, analistas e aficionados que orbitam em torno da marca da maçã. A primeira edição foi realizada em 1985 na cidade de San Francisco na Califórnia. Até 2005, existiram duas edições anuais, uma em San Francisco, a outra na costa leste, primeiro em Boston, depois em Nova York. Era considerada uma verdadeira “Meca” para “applemaníacos” do mundo inteiro. Nesta feira, a Apple apresentava seus produtos e as tão esperadas novidades para a temporada, tanto em hardware quanto em software, que marcaram a tendência de seu mercado. Durante vários anos, as antológicas apresentações comandadas por Steve Jobs, marcadas pela sua maneira peculiar de se apresentar, sempre de camiseta preta, jeans e tênis, característica marcante nas aparições públicas dele, eram uma atração aguardada com um misto de entusiasmo e devoção pelos mais apaixonados fãs da maçã mordida. A última edição foi realizada em 2014.
   

Essa conferência foi absorvida pela Worldwide Developers Conference (comumente abreviada de WWDC), também usada para mostrar seus novos softwares e tecnologias para os desenvolvedores, bem como a oferta de produtos, serviços e sessões de feedback. A conferência anual de desenvolvedores da Apple, cujo ingresso chega a custar US$ 1.600, recebe aproximadamente 6 mil pessoas por edição. Em 2020, devido à pandemia de COVID-19, a WWDC foi realizada em um formato totalmente online.
  

As lojas da maçã 
Local de desejo de consumo, as lojas da Apple são um sucesso absoluto para a marca. E isto começou no dia 19 de maio de 2001, quando a empresa inaugurou suas duas primeiras lojas de varejo, batizadas de APPLE STORE: uma na cidade de McLean, estado da Virginia, e outra em Glendale na Califórnia. As lojas tinham design moderno, limpo, espaçoso e inovador, onde os consumidores podiam saber tudo sobre produtos revolucionários como Macinstosh e iPod. O sucesso foi tanto que outras 25 unidades abriram pelo país. Em 2004 inaugurava uma unidade em Londres, primeira loja no continente europeu.
   

A loja mais espetacular foi inaugurada no dia 19 de maio de 2006 na badalada 5ª Avenida no coração de Nova York. Como toda criação da empresa, a loja, que custou aproximadamente US$ 9 milhões, tinha visual inovador e surreal. Sua entrada era situada em um cubo de vidro de quase 10 metros de altura, decorado com a imagem prateada da maçã, o que lhe rendeu o apelido de “Cubo de Steve Jobs”. Inteiramente montada no subterrâneo de Manhattan - eram mais de 2.000 m² construídos no subsolo - oferecia mais de 100 computadores Macintosh e 200 iPods para serem experimentados antes da compra, bem como o maior sortimento de acessórios dentre todas as suas lojas no mundo. Com cerca de 300 funcionários, a loja de Nova York possuía também a maior das equipes de atendimento, com Mac Specialists, Mac Geniuses e Mac Creatives para oferecer suporte pessoal, orientação e trabalho em projetos criativos gratuitamente a qualquer hora do dia ou da noite, já que a loja funciona 24 horas por dia.
   

Em 2019, após dois anos de reformas e modernizações, a icônica loja, que se tornou um ponto turístico dos amantes da tecnologia, foi reaberta ao público. Além de manter seu sistema clássico sem caixa para cobrança (os funcionários contam com um iPod Touch que é utilizado para finalizar a compra e entregar o produto, sem precisar de um local específico para isso), a loja foi reaberta com o dobro do tamanho do estabelecimento original, pé-direito mais alto e mais luz natural, e 900 funcionários (ante os 300 anteriormente), preparados para falar em 36 línguas, sendo que a maioria é bilíngue. O cubo de vidro com quase 10 metros de altura está colorido e ainda mais chamativo. A loja continua sendo a única Apple Store aberta 24 horas por dia, 365 dias por ano. Uma curiosidade: desde que foi inaugurada, a icônica loja já recebeu mais de 60 milhões de visitantes, superando a marca anual de visitas à Estátua da Liberdade e ao Empire State Building.
  

Nos anos seguintes o sucesso dessas lojas se espalhou pelo mundo, chegando ao Canadá, ao Japão, a Itália, a China e a Alemanha. A primeira Apple Store da América Latina foi inaugurada na cidade do Rio de Janeiro em 15 de fevereiro de 2014, e seguia o visual de pavilhão das unidades internacionais, com uma área para testes de produtos e outra para a solução de dúvidas e realização de oficinas. A partir de 2016 a Apple começou a implementar uma nova proposta de loja, com a transformação de antigos pontos de vendas em um espaço destinado ao relacionamento da marca com seus consumidores, interação, informação, experiências, serviços, entretenimento, lazer e, claro, venda de produtos. Atualmente a rede conta com mais de 500 unidades em 25 países e, recentemente, superou os US$ 20 bilhões em faturamento. A empresa não utiliza o termo “flagship” para suas lojas, prefere chamá-las “Significant Stores”, algo como lojas importantes.
  

Algumas de suas lojas contam com um cuidado estético tão aprimorado que se tornaram pontos turísticos e de peregrinação nas cidades onde estão instaladas. Como por exemplo, no distrito de Pudong em Xangai (cujo design é formado por um cilindro transparente que ergue a parte principal da loja, situada por baixo do pátio), em Istambul (primeiro local projetado por Norman Foster, arquiteto britânico contratado pela empresa para assumir o projeto para seu novo campus no Vale do Silício, cujo ambiente está embutido no chão e se parece muito com um MacBook ou um MacMini se for visualizado do alto), em Paris (instalada no prédio de um antigo banco, na famosa Rua da Ópera, no coração da cidade, onde foram mantidos os detalhes arquitetônicos originais, desde as colunas de mármore até os pisos de mosaico), em Berlim (instalada em uma casa de ópera de 1913, cujas paredes são feitas de pedra calcária de uma pedreira local e mesas de carvalho alemão grossas, que exibem os produtos da marca), em Londres (localizada no popular bairro de Covent Garden, conta com três andares, sendo uma das maiores unidades da marca no mundo), em Hong Kong (fica suspensa sobre a rua, situada entre dois arranha-céus gigantescos, onde os carros passam por baixo, causando um efeito visual incrível), em Amsterdã (situada no edifício Hirsch, em Leidseplein, que foi inaugurado em 1882, quando abrigava uma agência de publicidade) e em plena Terminal Grand Central, na cidade de Nova York (onde para adquirir o imóvel a empresa investiu US$ 5 milhões).
  

A nova sede da maçã 
A nova sede da Apple está localizada em Cupertino, cidade situada a mais ou menos 70 km de San Francisco, em pleno Vale do Silício (“Silicon Valley” para os íntimos). O novo endereço está á apenas 1.6 km da antiga sede, que desde 1993 estava localizada no icônico “1, Infinite Loop Driveway”. A nova sede da maçã, inaugurada em abril de 2017, foi um dos últimos projetos pessoais de Steve Jobs, que beirava a megalomania. Batizada de APPLE PARK, foi projetada pelo conceituado arquiteto britânico Norman Foster, que tem no currículo obras como o aeroporto de Hong Kong, o novo estádio de Wembley, em Londres, e a Hearst Tower, em Nova York, e se tornou o prédio corporativo mais caro do mundo, cujo projeto consumiu US$ 5 bilhões. Uma curiosidade: embora o 1 Infinite Loop não seja mais o escritório principal da empresa, ele não foi descartado por completo. A antiga sede é utilizada como base de operações administrativas e financeiras.
  

A enorme sede, que abriga 12 mil funcionários, reflete todas as ideias de Steve Jobs. A começar pelo prédio circular principal chamado de “Ring” (Anel), basicamente uma estrutura de vidro de quatro pavimentos e 260.000 m² com circulação aberta e cápsulas modulares, ressaltando o desejo de Jobs de criar ambientes de trabalho mais conectados e colaborativos. A integração com a natureza foi outro ponto sugerido por Jobs. Além de ser alimentado por milhares de painéis solares no teto (geram 16 megawatts por dia de energia), o edifício é circundado por uma “floresta” de 9 mil árvores, todas locais e resistentes ao clima seco da Califórnia e projetada para se assemelhar ao Vale de Santa Clara, onde Steve Jobs morou quando jovem. Essa sensação de paz criativa também pode ser presenciada no refeitório com capacidade para 4 mil pessoas: suas janelas, na verdade, são duas placas de vidro de quatro andares que abrem e fecham silenciosamente com um mecanismo subterrâneo, deixando o funcionário mais próximo da natureza.
   

Além do enorme edifício com 1.6 quilômetros de circunferência e 461 metros de diâmetro, a sede ainda abriga o Steve Jobs Theater, um auditório cilíndrico com capacidade para mil lugares; sete cafeterias; um centro de ginástica e bem-estar de 9.300 m² espalhados em dois andares; e estacionamento exterior e subterrâneo (juntos tem capacidade para 9 mil automóveis) ligados por um túnel de azulejos brancos desenhado pelo mítico Jonathan Ive, líder do departamento de design industrial da Apple. Já o Centro de Visitantes é uma estrutura de dois andares com 1.870 m² que abriga uma loja com produtos da marca (como camisetas, bonés, sacolas, cartões postais e que não são vendidos regularmente nas Apple Stores), um café, um espaço de exposição e um terraço com vista para o complexo.
  

A edificação principal agrega as mais recentes inovações voltadas para a construção industrializada e sustentável, como por exemplo, lajes ocas de concreto, dimensionadas para permitir a circulação do ar distribuído pelo sistema de ar-condicionado, dispensando tubulações; 4.300 placas pré-fabricadas sob medida para os quatro pavimentos do prédio; e fachada produzida sob medida, recoberta por 3 mil espessos painéis de vidro. Além disso, o lixo orgânico gerado pelos funcionários vai para usinas de processamento e contribui com mais 4 megawatts/dia. A paisagem não parece em nada um complexo de escritórios, e sim um parque repleto de árvores frutíferas, como cereja, ameixa e damasco, para não mencionar os chafarizes e as alamedas repletas de árvores.
     

O gênio por trás da marca 
Steven Paul Jobs era o garoto-propaganda dos sonhos de qualquer publicitário. Idolatrado pelos consumidores de seus produtos e por boa parte dos funcionários da empresa que fundou e ajudou a transformar em uma das maiores companhias de capital aberto do mundo, em valor de mercado, ele foi um dos maiores defensores da popularização da tecnologia, uma pessoa com qualidades raras, um visionário capaz de transformar a indústria da tecnologia por várias vezes. Personificava como poucos os conceitos de arrojo e genialidade. Tanto que Jobs era o responsável por anunciar pessoalmente cada lançamento da Apple, impondo uma visão de simplicidade no mercado da tecnologia. Isto porque, acreditava que computadores e gadgets deveriam ser fáceis o suficiente para ser operados por qualquer pessoa, como gostava de repetir em um de seus bordões prediletos, que era “simplesmente funciona” (em inglês, “it just works”).
   

Para muitos um gênio sem igual, Jobs apostou na música digital armazenada em memória flash quando o mercado ainda debatia se não seria mais interessante proteger os CDs para fugir da crescente indústria da pirataria. Acreditou que era preciso gastar poder computacional para criar ambientes gráficos de fácil utilização enquanto gigantes do setor ainda ensinavam usuários a editar o arquivo “AUTOEXEC.BAT” para configurar suas máquinas. Vislumbrou a oportunidade de criar smartphones para pessoas comuns ao mesmo tempo em que o foco dos principais fabricantes era repetir o sucesso corporativo do BlackBerry. E todas essas brilhantes ideias, surgiram sem quase nenhuma pesquisa de mercado. Sob seu comando a Apple dependia muito pouco de pesquisas de mercado. “Não dá para sair perguntando às pessoas qual é a próxima grande coisa que elas querem. Henry Ford disse que, se tivesse questionado seus clientes sobre o que desejavam, a resposta seria um cavalo mais rápido”, afirmou, em entrevista à revista Fortune em 2008. Perfeccionista e workaholic assumido, ele gostava de controlar todos os processos produtivos da Apple, resistindo, inclusive, à decisão de terceirizar gradativamente a fabricação dos produtos da marca para fabricantes chineses, plano proposto e executado pelo agora comandante da empresa, Tim Cook. Conhecido como um “micro-gerente”, nenhum produto da Apple chegava aos consumidores se não passasse pelos rígidos padrões Jobs de qualidade e de excentricidade. Isso incluía, segundo relatos, o número de parafusos existentes na parte inferior de um notebook e a curvatura das quinas de um monitor.
    

Considerado uma espécie de pop-star corporativo do mundo dos negócios, ele nasceu no dia 24 de fevereiro de 1955 na cidade californiana de São Francisco, filho biológico de Joanne Simpson e do imigrante sírio Syrian Abdulfattah John Jandali, e criado pelos pais adotivos, Paul e Clara Jobs. Com apenas cinco anos mudou-se com seus pais adotivos para Palo Alto, cidade que posteriormente ficaria conhecida como um dos polos da tecnologia e comporia o chamado Vale do Silício. Não foi um aluno aplicado, achava a escola chata e isolava-se frequentemente dos colegas. Influenciado pela profissão do pai, mecânico de um laboratório de física, começou, desde muito novo, a se interessar por máquinas e pelo seu funcionamento, tendo uma mistura de paixão e curiosidade em montá-los e desmontá-los. Embora tenha abandonado a universidade no primeiro ano, comparecia a palestras técnicas na lendária Hewlett-Packard e fez um curso de caligrafia, que citou como o motivo dos computadores Macintosh serem desenhados com múltiplas tipografias. Foi nessa época, início dos anos de 1970, que iniciou uma parceria com Steve Wozniak, seu amigo de colegial. Porém com poucos recursos, os dois jovens tiveram que recorrer à garagem do pai de Jobs para instalar a sua pequena oficina. Para financiar os primeiros 50 circuitos do computador Apple I, ele teve que vender seu carro Volkswagen (uma Kombi) e Wozniak sua calculadora programável. Era o começo de um embrião que se chamaria Apple. Sempre polêmico e implacável com seus concorrentes e adversários, ele, que era budista, fundou a Apple após uma mística viagem à Índia em 1973 em busca do guru Neem Karoli Baba. O Maharaji morreu antes da chegada de Jobs, mas o americano dizia que havia encontrado a iluminação no LSD. “Minhas experiências com LSD foram uma das duas ou três coisas mais importantes que fiz em minha vida”, disse uma vez em entrevista ao jornal The New York Times. Depois, como sempre polêmico, afirmou que seu rival, Bill Gates, seria “uma pessoa (com visão) mais ampla se tomasse ácido uma vez”.
  

Considerado o “Pai do Macintosh”, computador revolucionário que preconizou todos os futuros PCs depois de 1984, foi forçado a deixar a empresa que fundara em virtude de ferozes disputas internas, em 1985. Sua forte personalidade não deixou que ficasse quieto. Em 1986, comprou a então problemática divisão de animação gráfica da LucasFilm, e fundou a Pixar Animation Studios (conheça essa história aqui), que anos mais tarde ficou famosa por uma nova linguagem de animação 3D para curtas e longas metragens, responsáveis por enormes sucessos como “Toy Story”, “Monstros S.A.” e “Procurando Nemo”. Fundou também a NeXT, uma empresa dedicada ao desenvolvimento de poderosos computadores indicados para o uso educacional e desenvolvimento de programas. Esses dois novos empreendimentos contribuíram para alavancar o mito em torno de seu “toque de Midas”.
  

Em dezembro de 1996, a Apple adquiriu a NeXT, manobra que serviu para incorporar tecnologias ao grupo e trazer Jobs de volta para o comando da empresa, que se encontrava em uma situação financeira frágil e complicada. Sob sua orientação e comando, a Apple aumentou suas vendas significativamente depois de inovações como o iMac, iPod, iPhone, a loja virtual iTunes e o iPad. Todos esses aparelhos já existiam, mas receberam o “toque de Midas” de Steve Jobs. Tocadores de MP3 já existiam, mas foi pensando na praticidade que surgiu o iPod. Smarphones com tela sensível ao toque não eram novidade, mas com a simplicidade do iPhone o mercado de dispositivos móveis passou a rever conceitos. Com os tablets, a história se repetiu. As pranchetas eletrônicas já existiam, mas as pessoas não viam sentido nelas. Até que Steve Jobs reformulou um dispositivo que estava desacreditado, investindo em um produto falido. Quem cometeria um desatino desses? Somente alguém que jamais desistiu de um sonho, digamos um tanto, ousado: mudar o mundo. Neste período, a Apple experimentou um crescimento incomum na história do capitalismo americano.
   

Para ter ideia do que Steve Jobs era capaz de fazer, bastava assistir ou acompanhar as anuais palestras emblemáticas (chamadas de “Keynotes”), que ele comandava na MacWorld (feira oficial da Apple), quando lançava suas tão esperadas e desejadas ideias, que nos últimos anos revolucionaram o mercado e a forma de como a sociedade se comunica, ouve música ou acessa a internet. Tais apresentações eram marcadas pela sua maneira única de se apresentar, sempre vestindo blusa preta de gola olímpica (da marca St. Croix), jeans e tênis New Balance modelo 991. Tudo muito “cool” como dizem os americanos. Cada vez que ele subia ao palco com seu visual minimalista para anunciar um novo produto, o mundo parava. Afinal, todos queriam saber o que a mais inovadora empresa do mundo andava aprontando. Era um verdadeiro mago nessas apresentações tão aguardadas pelo didatismo e capacidade de aglutinar o interesse do consumidor. Definitivamente a Apple não seria a mesma sem Steve Jobs.
    

Em 2006, a The Walt Disney Company (conheça a história deste mundo mágico aqui) comprou a Pixar Animation Studios por impressionantes US$ 7.4 bilhões, e tornou Steve Jobs o maior acionista individual da empresa, onde ocupava também o cargo de conselheiro executivo. A rivalidade dele com Bill Gates, fundador da Microsoft (clique aqui e conheça a história deste outro gigante), transformou-se em um elemento cultural do setor. Essa disputa pode ser conferida no filme produzido pelo canal de TV a cabo TNT, “Pirates of Silicon Valley”, que aborda a biografia deles e das suas empresas.
  

Steve Jobs anunciou no dia 14 de janeiro de 2008 que estava se afastando da empresa por licença médica até o final de junho. O executivo comunicou, por email, aos funcionários que seus problemas de saúde eram mais complexos do que ele pensava, como atestava sua aparência debilitada, especialmente pela magreza acentuada. Steve Jobs também indicou a pessoa que assumiria os negócios durante sua licença: Tim Cook, então diretor-chefe de operações da Apple. Mas, seu afastamento durou pouco e ele voltou para fazer novas apresentações revolucionárias como o iPad. Em meados de 2011, ele anunciou novamente, desta vez, em definitivo, seu afastamento da empresa, depois de passar por um transplante de fígado e ver seu obituário publicado acidentalmente em veículos importantes como a Bloomberg. “Eu sempre afirmei que se chegasse o dia em que eu não fosse mais capaz de cumprir minhas obrigações e expectativas como CEO da Apple, eu seria o primeiro a informá-los disso. Infelizmente, este dia chegou”, afirmou, em comunicado. Parecia um prenuncio de que o fim estava próximo para um gênio que ajudou a tornar os computadores mais amigáveis e revolucionou a animação, a música digital e o telefone celular.
   

Exatamente no dia 5 de outubro de 2011 o mito se calou para sempre, aos 56 anos, vítima de um câncer raro e agressivo no pâncreas, contra o qual ele lutava desde 2004, e que o deixou fisicamente debilitado exatamente nos anos de maior sucesso comercial da empresa que criou. Casado com Laurene Powell desde 1991, Jobs deixou quatro filhos: Reed Paul, Erin Sienna, e Eve, nascidos de seu relacionamento com Laurene; e Lisa Brennan-Jobs, de um relacionamento anterior com a pintora Chrisann Brennan. Segundo estimativas, Steve Jobs deixou uma fortuna de US$ 8.3 bilhões. Nas horas seguintes ao anúncio oficial de seu falecimento, feito no site da empresa, milhares de pessoas começaram a publicar mensagens sobre o fundador da Apple nas redes sociais e muitas delas mudaram seus avatares para fotos de Jobs.
   

Um homem que era conhecido por ter um gênio difícil, que gritava com funcionários ou até mesmo demitia pessoas no elevador porque não respondiam satisfatoriamente uma pergunta, conseguiu com suas ideias e produtos fazer com que todos no planeta se unissem em torno de um ideal: “Stay hungry, stay foolish” (algo como “Não desista nunca”), frase usada em seu famoso discurso de formatura dos alunos da tradicional Universidade de Stanford em 2005. Talvez o presidente Barack Obama tenha melhor definido quem foi Steve Jobs: “suficientemente valente para pensar de modo diferente, suficientemente ousado para acreditar que poderia mudar o mundo e com o talento necessário para consegui-lo”. Afinal, sua influência pode ser percebida em toda a parte. Ela está nos computadores e celulares, passando por indústrias inteiras, como a da música, dos filmes, dos livros e dos games.
   

A campanha “Pense Diferente” 
A Apple, que iniciou na década de 1970 a revolução dos computadores pessoais, vinha perdendo grande parte desse mercado no início dos anos de 1990. Com uma série de produtos inovadores e campanhas publicitárias geniais, a empresa começou a recuperar parte do mercado que havia perdido. Em 28 de setembro de 1997 durante a pré-estreia do filme “Toy Story”, foi apresentada a campanha Think Different (“Pense Diferente”). Com peças impressas, mídia externa (outdoors, pinturas de parede, tetos de ônibus e pôsteres) e um comercial de TV de 1 minuto, a campanha celebrava figuras históricas que mudaram o mundo por pensarem de maneira diferente, como por exemplo, Albert Einstein, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Jr., Pablo Picasso, Maria Callas, Thomas Edson, Miles Davis, Jim Henson, Ted Turner, John Lenon & Yoko Ono, Frank Sinatra e Muhammad Ali, entre outros, exemplificando porque as pessoas deveriam ter um Macintosh. Uma homenagem a gênios criativos que nos servem de inspiração até os dias de hoje.
  

É uma versão reduzida do texto abaixo que o ator Richard Dreyfuss narrou no anúncio para televisão, enquanto cenas em preto e branco de gênios da história apareciam. 

Here’s to the Crazy Ones. The misfits.The rebels. The troublemakers. 
The round pegs in the square holes. 
The ones who see things differently. 
They’re not fond of rules. And they have no respect for the status quo. 
You can praise them, disagree with them, quote them, disbelieve them, glorify or vilify them. 
About the only thing that you can’t do, is ignore them. Because they change things. 
They invent. They imagine. They heal. They explore. They create. They inspire. 
They push the human race forward. Maybe they have to be crazy. 
How else can you stare at an empty canvas and see a work of art? Or, sit in silence and hear a song that hasn’t been written? 
Or, gaze at a red planet and see a laboratory on wheels? 
We make tools for these kinds of people. 
While some may see them as the crazy ones, we see genius. 
Because the ones who are crazy enough to think that they can change the world, are the ones who do. 

O sucesso foi enorme e começava ali o renascimento da Apple como marca. As pessoas que eram fiéis a marca foram resgatadas, levando consigo milhões de novos seguidores. Os criativos da TBWA Chiat/Day, agência que criou a campanha, disseram em entrevista, que nunca poderiam produzir esses anúncios para o Macintosh, com a rapidez que foram feitos, sem a própria tecnologia Macintosh. Assista abaixo ao filme que transformou a Apple em uma marca inovadora.

   

A evolução visual 
O logotipo original da Apple, desenhado por Ron Wayne, conhecido por muitos como o terceiro fundador da empresa, mostrava Isaac Newton embaixo de uma macieira. O símbolo da empresa, dizem alguns, foi escolhido, pois representava o senso de descoberta. Afinal, Newton formulou a lei da gravidade quando uma maçã caiu em sua cabeça. No logotipo original da marca é possível ler a seguinte frase: “Newton… A mind forever Voyaging Through strange seas of thought… alone”. Esse símbolo nunca teria muito futuro. Extremamente detalhado, sua reprodução em tamanhos diminutos seria muito complicado. Por isso, esse logotipo duraria apenas alguns meses.
   

Devido à complexidade e dificuldade de ser reproduzido em vários tamanhos, Steve Jobs contratou Rob Janoff, em 1976, para redesenhar o logotipo. O resultado foi o surgimento do famoso logotipo representado por uma maçã colorida com uma mordida, que muitos acreditam estar relacionando à marca com a história bíblica de Adão e Eva (a maçã é o fruto da árvore da sabedoria) ou até mesmo com o matemático Alan Turing, considerado o pai do computador, que cometeu suicídio comendo uma maçã que ele havia envenenado com cianeto. Porém, o raciocínio mais lógico para a inspiração do logotipo seria: a associação da maçã com conhecimento e a famosa mordida, que significaria a aquisição do conhecimento. Pelo lado bíblico, simbolizaria a sedução provocada pelos seus produtos e a busca por nossos desejos. Também é um trocadilho: mordida, em inglês, é bite, que obviamente lembra byte. E byte, é coisa de computador. Já as cores também têm vários significados: um deles remete aos estudos de Newton com os prismas. Outra é mais simples: são as cores do arco-íris (mas não seguem a mesma ordem). Porém a mais coerente é que o primeiro computador pessoal da empresa conseguia reproduzir imagens em um monitor a cores. O nome Apple, com a tipografia serifada clássica, era utilizado como complemento para determinados meios, não sendo obrigatório, portanto.
   

Em 1998 a maçã se tornou monocromática e preta. Já no ano seguinte o logotipo assumiu várias cores para acompanhar as cores do iMac. Em 2001 a maçã ganhou uma coloração cinza/prateada com efeitos de sombreamento. Um novo logotipo remodelado, introduzido em 2003, adotou uma cor cinza cromada, passando uma imagem de tecnologia e sobriedade. O atual logotipo da marca, em cinza, foi adotado em 2014, e pode ser aplicado também em preto.
  

Ocasionalmente a Apple utiliza o logotipo com o nome da empresa ao lado da maçã, como mostra a imagem abaixo.
  

Os slogans 
Get a Mac. (2009) 
It just works. (2008) 
Switch. (2002) 
iThink, therefore iMac. (1998) 
Think different. (1997) 
The power to be your best. (1990) 
Changing the world - one person at a time. (1986) 
The computer for the rest of us. (1984) 
Soon there will be 2 kinds of people. Those who use computers, and those who use Apples. (anos de 1980) 
Simplicity is the Ultimate Sophistication. (anos de 1970) 
Byte into an Apple. (anos de 1970)
  

Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 1 de abril de 1976 
● Fundador: Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne 
● Sede mundial: Cupertino, Califórnia, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Apple Inc. 
● Capital aberto: Sim (1979) 
● Chairman: Arthur D. Levinson 
● CEO: Tim Cook 
● Faturamento: US$ 274.5 bilhões (2020) 
● Lucro: US$ 57.4 bilhões (2020) 
● Valor de mercado: US$ 2.29 trilhões (fevereiro/2021) 
● Valor da marca: US$ 322.999 bilhões (2020) 
● Lojas: 510 
● Presença global: 155 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 147.000 
● Segmento: Tecnologia 
● Principais produtos: Computadores, notebooks, smartphones, tablets, relógios inteligentes e computação em nuvem 
● Concorrentes diretos: HP, Dell, Lenovo, Microsoft, Acer, Toshiba, Samsung, LG, Motorola, Huawei, Xiaomi, Oppo, Asus, Sony, Amazon e Google 
● Ícones: Steve Jobs, Macintosh e a maçã 
● Slogan: Não tem slogan corporativo no momento 
● Website: www.apple.com.br 

O valor 
Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca Apple está avaliada em US$ 322.999 bilhões, ocupando a posição de número 1 no ranking das marcas mais valiosas do mundo em 2020. A empresa também ocupa a posição de número 4 no ranking da revista FORTUNE 500 de 2020 (empresas de maior faturamento no mercado americano). 

A marca no mundo 
A mais criativa e inovadora empresa do mundo está presente em mais de 155 países, contando com 510 lojas próprias, localizadas nos Estados Unidos (271 unidades) e outros 24 países como Inglaterra, Canadá, Japão, Itália, Austrália, China, Suíça, Alemanha, França, Espanha, Turquia, Holanda e Brasil. Em 2020 seu faturamento foi superior a US$ 274 bilhões (desse montante o iPhone respondeu por US$ 137 bilhões e o Mac por outros US$ 28.6 bilhões). A Apple, número 3 e 4, respectivamente, no mercado mundial de computadores e smartphones, emprega 147 mil pessoas no mundo. O sucesso da marca pode ser traduzido em números: o iPod, que praticamente saiu do mercado, já vendeu mais de 350 milhões de unidades desde seu lançamento; mais de 1 bilhão de usuários de iPhone no mundo; mais de 85 bilhões de aplicativos baixados através da App Store por ano; as vendas na Apple Stores, por onde já passaram mais de 800 milhões de pessoas, chegam a cifras superiores a US$ 20 bilhões anualmente; além de possuir mais de 100 milhões de usuários de seus computadores. Outro dado relevante é que 97% dos usuários do iOS estão com a versão mais recente do sistema em seus aparelhos. Se não bastasse esses expressivos números, dois de seus ícones, o iPhone e o iPad, faturam por ano mais que todos os produtos da Microsoft, cujo pilar é o Windows. Em 2020 a empresa investiu US$ 18.7 bilhões na área de Pesquisa e Desenvolvimento. Se Alexandre, “O Grande”, estivesse vivo estaria com medo desse reinado. Afinal, a Apple nunca foi tão rica e poderosa. 

Você sabia? 
Um dos fundadores da Apple, Ronanld Wayne, vendeu sua participação de 10% na empresa por US$ 800, apenas 12 dias depois da criação. Ele recebeu um pagamento adicional de US$ 1.500. Obviamente fez um péssimo negócio. 
Em 1986, era possível vestir-se de Apple. Isto porque a empresa lançou a The Apple Collection, uma coleção de roupas e acessórios com o nome e/ou o logotipo da marca. Curiosamente, dentre os itens à venda, estava um relógio de ponteiros. Seria o protótipo do Apple Watch? 
Em agosto de 2018, a Apple se tornou a primeira empresa privada a chegar ao patamar de US$ 1 trilhão de valorização de mercado. Um ano depois, em agosto de 2019, a Apple bateu mais um recorde: primeira empresa americana a ultrapassar US$ 2 trilhões em valor de mercado. 
O “i” encontrado na frente do nome de vários produtos da marca (como por exemplo, iPod, iPhone e iMac) originalmente representava a “internet” mas, passado algum tempo, adquiriu a conotação de pessoal, uma vez que “I”, em inglês, significa “eu”. 
Apesar de deter 22.7% do mercado americano de sistema operacional de computadores, analistas dizem que o MAC OS, representou, pela primeira vez, uma ameaça real ao poderoso Windows da Microsoft. 
Há treze anos consecutivos (2008-2020) a Apple é eleita a empresa mais admirada do mundo pelo ranking da tradicional revista Fortune. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, MacMagazine, Exame, Super Interessante, Veja, Época Negócios e Isto é Dinheiro), jornais (Valor Econômico, O Globo, Folha, Estadão e Meio Mensagem), sites de tecnologia (TecMundo), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel, Interbrand e Mundo do Marketing), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 4/2/2021

13 comentários:

Anônimo disse...

Olá, o post está bem completo. Porém, acho que você poderia incluir a citação sobre o filme que a TNT fez contando a história e a rivalidade Apple x Microsoft (Os Piratas do Vale do Silício). Além disso, recentemente foi publicado no Flickr (por alguém da própria Apple) a evolução da home page do site americano desde a 1ª versão. Acho que valeria uma citação e o link, assim como feito com a evolução do logo... Abs,

Anônimo disse...

Outro suporte para a mordida na maça, além da clara alusão à Bíblia, é com a frase "have a bite" (dê uma mordida). Tem o mesmo som que "have a BYTE".
Essa frase foi usada logo no lançamento da marca, antes da "think different".

Unknown disse...

Huum , poderia ter um tópico falando desta empresa , no Brasil.

MRFerrari disse...

Matéria fantástica. parabéns ao autor.
Quanto a Apple, apesar de tantas crises, mostrou que para criar uma marca tem que ter garra e determinação e sobretudo criatividade.

Heryk Slawski (Mazati) disse...

Apple é Apple ;D

Anônimo disse...

Steve, apesar de ser um gênio. Não terminou seus estudos universitários.
Frequentava apenas as aulas que lhe interessavam... Vendia garrafas de coca-cola usadas para conseguir algum dinheiro e frequentemente dormia na casa dos amigos, por não ter um lugar no campus da universidade.

Ótima Matéria

DiegoTech disse...

Sou Fã do Steve Jobs, e da Marca Apple, já tive ipod, iphone, imac, macbook, falta só o ipad xD

ADMR | Marcas e Patentes disse...

Muito bom o post, só falta atualizar com as recentes batalhas judiciais de patentes. E também com o caso nacional da marca Iphone que a Apple teve o pedido de registro indeferido pelo INPI. Abraços

Anônimo disse...

Nossa. Aprendi bastante sobre essa marca ! Além de me ajudar muito mais em algumas coisas na escola! O Autor do blog tá de parabéns! Adoreii! XD

Thami disse...

Parabéns pelo blog! Sensacional!

Brunnah disse...

Parabéns ! Matéria completa e muito bem redigida !! Conteúdo excelente !

Anônimo disse...

Conhecia muito dessa história. Aqui aprendi muito mais. Parabéns pelo post.

Anônimo disse...

Poxaa muito boa essa postagem, nem fazia ideia da complexidade e inovação que a Apple promoveu e continua promovendo através de seus produtos. Estou começando conhecer seu sistema operacional iMac agora, é meio estranho por ser uma linguagem mais complexa mais ao mesmo tempo instigante, curiosa também. Steve Jobs foi um grande genio da era informática tanto quanto Bill Gates, seu maior concorrente até hoje com seu ilustre "Windows" da Microsoft, da qual muitas pessoas comuns e empresários não querem abrir mao de usar, acredito por ser uma linguagem e gerenciamento de arquivos mais fáceis de se lidar. Muito bom, parabéns.