8.4.09

CHRISTIAN LOUBOUTIN


Quanto vale uma sola de sapato? Se for vermelha, muito. E se, ainda por cima, tiver o nome Christian Louboutin, mais ainda. Comecem a reparar nas fotografias tiradas nos famosos tapetes vermelhos onde as celebridades param para ser clicadas. Reparem que as mulheres se viram de lado e erguem levemente o pé para mostrar um solado vermelho. Esta é a marca registrada que consagrou Christian Louboutin, um dos maiores designers de sapatos do momento. O francês é um dos nomes atuais que dita moda nos pés das celebridades de Hollywood. E é fácil reconhecer à distância quem calça seus extravagantes modelos. Sola vermelha e saltos altíssimos aos quais nem Angelina Jolie, mesmo grávida, resistiu. Além dela, a lista de clientes ilustres inclui a descolada Victoria Beckham, Katie Holmes, Nicole Richie, Kate Winslet, Emma Stone e Dita Von Teese. Todas essas mulheres influenciadoras no mundo da moda sabem se equilibrar com leveza em cima do salto, especialmente com um solado vermelho. 

A história 
Antes que a maioria das mulheres comuns conseguisse decorar Manolo Blahnik, o peculiar nome que se transformou em sinônimo dos sapatos mais chiques do planeta, outro estilista, de nome mais complicado ainda, foi assumindo a posição de autor do salto agulha que toda consumidora louca por moda (e com a carteira recheada de dinheiro) precisa ter. Christian Louboutin (foto abaixo), mistura de francês com vietnamita, não é novato no ramo, mas agora chegou ao topo, segundo as caprichosas preferências do mercado de luxo. Tem duas marcas registradas: o salto altíssimo (na faixa dos 12 a 13 centímetros) e a sola laqueada pintada de vermelho-sangue. Nascido no dia 7 de janeiro de 1963, com apenas 15 anos, ele já conhecia a noite parisiense, as salas de música e teatros da cidade e, vidrado por esse universo sensual, decidiu criar sapatos para vender às dançarinas do Moulin Rouge e do Folies Bèrgere. Fascinado por sapatos desde criança, o designer usou como base de suas primeiras coleções, rascunhos de infância feitos em seus cadernos de escola. Sem loja, ele ia aos cabarés e boates para vender seus sapatos. “As mulheres ficavam nuas, mas continuavam calçadas”, contou ele certa vez em uma entrevista à revista Marie Claire. Na época, porém, eram frequentes os “nãos” de mulheres que alegavam não ter dinheiro.


Ex-aprendiz do mestre Charles Jourdan (com ele aperfeiçoou os mais ou menos 100 passos para a confecção de um salto agulha perfeito) no começo da década de 1980 Louboutin trabalhou para grandes grifes mundiais, como Roger Vivier (que foi ninguém menos que o criador do salto agulha), Christian Dior, Chanel e Yves Saint Laurent, e até como paisagista e colaborador da revista Vogue, antes de se estabelecer, com a ajuda de amigos (Henri Seydoux, Bruno Chamberlain e Faheema Moosa), por conta própria em Paris, no ano de 1992, com a inauguração de sua primeira loja na Galerie Vero-Dodat, uma elegante galeria parisiense próxima ao Museu do Louvre. Um exemplar da sua primeira fornada foi direto para o acervo permanente do Instituto de Moda do Metropolitan Museum de Nova York. A segunda coleção, intitulada “Trash”, não tinha nada de lixo, mas utilizava como decoração bilhetes de ônibus, tampas de latinha de cerveja e outras traquitanas do cotidiano. Quatro meses após a inauguração da loja, uma jornalista americana da W Magazine estava em Paris para descobrir novos endereços “trend” na cidade. Foi quando ela ouviu uma animada conversa de duas mulheres sobre os sapatos de Christian Louboutin. Uma delas era a Princesa Caroline de Mônaco. A matéria foi publicada, o negócio decolou e o sucesso, enfim, bateu a porta.


Com seu design que visava alongar as pernas femininas de maneira a torná-las mais sexy, o estilista acabaria se tornando um dos grandes responsáveis pela popularização do salto scarpin. Apesar dos sapatos de Louboutin não serem mesmo para qualquer uma, em seu primeiro ano a marca vendeu pouco mais de 200 pares. Dois anos mais tarde, em 1994, a marca inaugurou uma loja na cidade de Nova York. Um modelo básico custa em torno de €500, mas pode ultrapassar facilmente a cifra de €1.000 dependendo do material com o qual é feito. O preço não é exatamente de obra de arte, mas o designer já transformou seus sapatos em peças dignas de exposição, literalmente. Tanto é que o cineasta David Lynch, de quem é amigo íntimo, fotografou os modelos e organizou uma mostra em Paris no ano de 2007. Pouco depois, o estilista, famoso por seus sapatos de salto alto que viraram hit fashion, apresentou uma novidade que deixou muita gente surpresa: um tênis. O par de tênis, estampado e texturizado como um leopardo, esteve exposto em um evento para a imprensa, organizado pela marca. Ainda 2007 a marca inaugurou sua primeira loja na Ásia, localizada em Hong Kong.


No dia 22 de abril de 2009, CHRISTIAN LOUBOUTIN inaugurou no shopping Iguatemi sua primeira loja na América Latina. Dividido em três salas, uma delas fechada por espelhos para atendimentos particulares, o novo local apresentava os sofisticados e inconfundíveis sapatos de solado vermelho-sangue. Com perspectiva de aumentar ainda mais o alcance da marca foi ampliada a linha de bolsas (lançada timidamente em 2003) - cujo preço, na Europa, vai de €800 a €1.3 mil - e novas lojas próprias em cidades como Miami, Dubai e Brasília (que ganhou sua loja em 2011). Não à toa, que as exportações representam 95% de suas vendas, que, desde 2005, apresentam crescimento de 30% a 40% ao ano. O renome da marca CHRISTIAN LOUBOUTIN e da sola vermelha é tamanho que em 2009 a empresa assinou um contrato de um ano com a Mattel, fabricante da boneca Barbie, já que três modelos da boneca produzidos naquele ano calçavam sapatos de sola vermelha.


Em 2011, a marca lançou sua primeira coleção de calçados masculinos em uma nova loja exclusiva na cidade de Paris. E outra vez foi um enorme sucesso. Pouco depois, em 2012, foi criada a CHRISTIAN LOUBOUTIN BEAUTÉ para ingressar no mercado de beleza de luxo. O primeiro produto dessa divisão foi uma linha de esmaltes lançada em 2014, que destacava, como esperado, os tons vermelhos, que se tornaram ícones no solado dos calçados da grife. Depois foram lançados batons (2015), cuja coleção oferece 38 tons diferentes, além de perfumes (2016). Por toda essa história, Christian Louboutin ficou conhecido como “o mago dos sapatos”, autor de objetos de desejo de dez entre dez celebridades femininas ao redor do mundo. E não é à toa que a CHRISTIAN LOUBOUTIN foi considerada pelo Luxury Institute, por três anos seguidos, a marca de sapatos mais desejada do mundo.


Estilo próprio 
Afinal, qual é o segredo do designer para calçar os pés de algumas das mulheres mais influentes do mundo como a apresentadora Oprah Winfrey, a cantora Madonna e a modelo britânica Kate Moss? Ele conquistou o mundo da moda com modelos completamente despojados, primando pelo design e pela combinação de cores e adornos arrojados, com saltos que já chegaram a 25 centímetros de altura, em um modelo feito por encomenda. Nas lojas, o máximo à venda são 16 centímetros de altura (é o modelo Louboutin Daffodile), mas o designer revela que a média dos modelos fica com módicos sete ou oito centímetros. Há ainda, pasmem as apreciadoras das pequenas torres criadas pelo francês, os modelos rasteiros, totalmente no chão. Mas foi na esfera das festas, dos tapetes vermelhos, das ocasiões em que todos comentam o que todo mundo usa que Louboutin se superou – como bem atestam freguesas fiéis como Caroline de Mônaco, Nicole Kidman e, surpresa, Sarah Jessica Parker.


Seus sapatos são fabricados na região de Nápoles na Itália, e criados no ateliê do designer, em Paris. O preço médio de seus sapatos é de €500, mas pares incrustados de cristais podem custar até €6.000. Já o preço médio de um par sob medida, ou encomendas especiais, passa de €3.500, e pode levar até um ano para serem entregues. Uma dessas criações exclusivas foi encomendada por uma empresária do ramo da mineração, um exemplar adornado com rubis e, claro, a cobiçada sola vermelha. Um de seus modelos mais badalados, chamado de Lady Rings, é de camurça com cristais, e tem preço de €1.290. O Pesce, fazendo jus ao nome, desenha com recortes de couro uma exótica carpa. Recentemente, dois modelos feitos em parceria com o bordador Jean-François Lesage, em homenagem a Maria Antonieta, prometiam virar peça de museu. Produzidos em edição limitada de apenas 36 pares, as peças foram colocadas à venda por US$ 6.295, apenas na loja da badalada Madison Avenue, em Nova York. O modelo mais tradicional da marca, Louboutin Pigalle, tem o bico e o salto finos, além de três opções de alturas para o seu stiletto – 8,5 cm, 10 cm e 12 cm.


O símbolo e a discórdia 
A sola vermelha de seus sapatos é o principal símbolo da marca francesa, mas também motivo de muita contestação. A inspiração para sola vermelha veio em 1992. Em entrevista à apresentadora americana Oprah Winfrey, ele contou que a ideia de pintar a sola de vermelho laqueado veio em um momento em que ele achava que suas criações precisavam de um toque especial. “Uma funcionária minha (chamada Sarah) sempre pintava as unhas. Um dia peguei o esmalte dela, passei na sola, e o sapato ganhou vida” disse o designer. Depois disso, nunca mais os solados de um CHRISTIAN LOUBOUTIN passaram despercebidos. E mais, ele foi capaz de dar vida à sola do sapato, antes uma parte totalmente ignorada. Virou uma espécie de fetiche fashion. Mas os modelos do designer colecionam brigas judiciais por todos os cantos do mundo, na tentativa de manter a cor como uma marca registrada. Litígios ocorreram em inúmeras disputas em que a marca alegou violação de seus direitos. Somente em 2008, a marca conquistou a patente do solado vermelho no mercado americano, mas não a sua exclusividade. Na disputa mais recente contra a Van Haren, o Tribunal Europeu de Justiça (TEJ) – o mais alto da União Europeia – decidiu favoravelmente à empresa holandesa, que, desde 2013, vendia suas próprias versões do produto (a preços bem mais acessíveis). O charmoso salto alto com solado vermelho, de acordo com o veredito, não caracteriza uma marca registrada, e Louboutin não será dono exclusivo da ideia. Mas a marca francesa recorreu e conseguiu reverter a sentença.


Comunicação ousada 
A marca CHRISTIAN LOUBOUTIN é tão ousada e surpreendente como seu criador. Isto pode ser comprovado na inovadora e provocativa campanha de outono/inverno 2011 que fez sátiras fashionistas a grandes obras de arte. São telas clássicas de pintores conceituados como François Clouet, James McNeil Whistler e Jean-Baptiste-Camille Corot. O responsável pela criação das imagens, que contava com as mais famosas criações da marca, conhecida pelo solado vermelho, enfeitando pinturas muito conhecidas pelo mundo afora, foi o renomado fotógrafo Peter Lippmann. Uma delas foi inspirada no quadro Elizabeth of Austria, de Francois Clouet, e contava com os sapatos Madame au Pigalili, em dourado, e a bolsa de mão Catalina. Outra delas foi o quadro Whistler’s Mother, de James McNeil Whistler, que foi combinado com a bota Tootsie, de couro e salto altíssimo.
 

Porém, a propaganda espontânea é uma das principais estratégias de negócios da marca. Aparições não patrocinadas de suas criações no tapete vermelho do Oscar ou em eventos mundialmente televisionados a fazem abdicar de grandes investimentos em ações de marketing. Outra forma de capitalizar a imagem da marca é através de parcerias. A CHRISTIAN LOUBOUTIN já realizou trabalhos com empresas do porte da Disney, ao desenhar o sapato da personagem Malévola, interpretada pela atriz americana Angelina Jolie; e Louis Vuitton, quando desenvolveu bolsas com a centenária grife. Nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, vestiu a delegação cubana para as principais cerimônias. Estas conexões foram preponderantes para a empresa se tornar um fenômeno também nas finanças.


Dados corporativos 
● Origem: França 
● Fundação: 1992 
● Fundador: Christian Louboutin, Henri Seydoux, Bruno Chamberlain e Faheema Moosa 
● Sede mundial: Paris, França 
● Proprietário da marca: Christian Louboutin S.A. 
● Capital aberto: Não 
● CEO: Bruno Chamberlain 
● Diretor criativo: Christian Louboutin 
● Faturamento: US$ 1 bilhão (estimado) 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 110 
● Presença global: 40 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 420 
● Segmento: Moda de luxo 
● Principais produtos: Sapatos, sandálias, bolsas e carteiras 
● Concorrentes diretos: Jimmy Choo, Manolo Blahnik, Roger Vivier, Salvatore Ferragamo, Chanel, Christian Dior e Walter Steiger 
● Ícones: As solas vermelhas dos sapatos 

A marca no mundo 
A marca CHRISTIAN LOUBOUTIN possui atualmente mais de 110 lojas próprias e 200 pontos de venda (localizados dentro de famosas lojas de departamento) em 40 países ao redor do mundo. Com faturamento estimado de US$ 1 bilhão ao ano, suas lojas estão localizadas em cidades cosmopolitas como Paris, Londres, Nova York, Los Angeles, Moscou, Cingapura, Hong Kong, São Paulo e Jacarta. Os Estados Unidos, onde a marca possui aproximadamente 20 lojas, é responsável por 35% de suas vendas. Atualmente, os sapatos femininos são responsáveis por 70% das vendas da grife, os masculinos respondem por 20%, os acessórios, 7%, e os 3% restantes para a linha de beleza. A marca vende anualmente mais de 800 mil pares de sapatos. 

Você sabia? 
Na pele da personagem Carrie Bradshaw, da série Sex and the City, a atriz americana se tornou a maior propagandista de Manolo Blahnik, mas se casou na vida real usando um CHRISTIAN LOUBOUTIN - de sola azul, a cor exclusiva dos sapatos de noiva da marca. 
A melhor cliente da marca é a autora Danielle Steel, que juntamente com suas muitas filhas, possui mais de 600 pares de sapatos e sandálias da CHRISTIAN LOUBOUTIN. 
As funcionárias da empresa são carinhosamente conhecidas como Loubi’s Angels


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Vogue, Isto é Dinheiro e Exame), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 17/9/2018

5 comentários:

Vivi Andrade disse...

Estamos concerteza ansiosos, o site assim como o blog se torna um vicio de consulta, é impossivel não acessar.
Meus parabéns...its amazing.

PS:Um dia em sala de aula, me questionaram se ainda existe aquele famoso chocolate que levava o nome da Turma da Mônica, muito gostoso por sinal.Você saberia me responder.

Grata
Vivian Andrade
Analista de Marketing.

gabgets disse...

Gosto muito do seu site. Faço faculdade de Design e o blog é um ótimo banco de dados para meus trabalhos. Continue com o ótimo trabalho. : )

Unknown disse...

Sinceramente eu quando vi o blog achei sensacional, pois é muito dificil você encontrar na internet um site ou blog com conteúdo atualizado sempre sobre marcas.

Meus parabéns pela iniciativa e fico no aguardo ansiosamente do portal.

RASG disse...

Muitos Parabéns!!
Muito bom!
Continue o optimo trabalho que tem feito.
Vou recomendar a consulta deste blog.

Com os melhores cumprimentos,
RASG

fhudrys disse...

Matéria muito muito legal! Infos atualizadas, úteis e curiosas. Soh achei q faltaram as fotos do red carpet...