20.1.09

AIG


Apesar da pior crise que a AIG viveu em toda sua história nos últimos anos, esse gigante americano não teve sua importância reduzida no mercado. Por pior que tivesse sido essa crise, a empresa deixou um legado para sempre: foi uma das pioneiras na formação daquilo que hoje se convencionou chamar de “global players”, grandes empresas ou conglomerados que possuem mais influência e poder que muitas nações e que, através do “softpower”, permitiram avanços enormes na globalização. A AIG é um ícone do mercado financeiro mundial e uma das marcas mais conhecidas no segmento de seguros. E continua atendendo a milhões de clientes comerciais, institucionais e individuais pelo mundo afora. 

A história 
Embora possua um nome americano, as raízes da tradicional empresa encontram-se na Ásia. O fundador, Cornelius Vander Starr, um americano de origem holandesa e veterano da Primeira Guerra Mundial, viajou para a Ásia com apenas 300 ienes (menos de US$ 3 nos valores atuais) em seu bolso e abriu uma pequena empresa (composta apenas por duas salas e duas mesas), chamada American Asiatic Underwriters (AAU), na cidade de Xangai, na China, no dia 19 de dezembro de 1919. Com a ajuda de um sócio, começou a vender seguros marítimos e contra incêndios de outras seguradoras americanas, sendo o primeiro estrangeiro a fazer isso na China, e rapidamente expandiu os negócios inaugurando escritórios por todo o país (nem mesmo as convulsões sociais impediram que as portas da empresa estivessem abertas em Pequim e Hong Kong), além de Filipinas, Indonésia e Malásia, contratando agentes e gerentes locais, em uma estratégia de negócio que a empresa usa ainda hoje.


A abertura de um escritório nos Estados Unidos, sob a designação American International Underwriters (AIU), só aconteceu em 1926 na cidade de Nova York, muito em virtude da situação de guerra civil na China e da política expansionista japonesa, que aconselhavam alguma cautela e obrigaram a um abrandamento do crescimento da empresa naquela região. Em 1937 a empresa iniciou operações em seu primeiro mercado latino-americano, Cuba. A proximidade da Segunda Guerra Mundial e a iminente chegada dos comunistas ao poder deram motivos suficientes para que Starr mudasse a sede para os Estados Unidos em 1939, quando a empresa se transferiu para o emblemático edifício Empire State em Nova York. Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1946 a empresa abriu escritórios no Japão e na Alemanha para fornecer seguro para os militares americanos. Depois de fusões com outras seguradoras americanas, a empresa passou a se chamar American Home em 1952, e finalmente, em 1967, após mais uma onda de fusões, adotou oficialmente o nome de AIG (abreviação de American International Group).


Maurice Greenberg assumiu o cargo de presidente da empresa, substituindo o visionário Cornelius Starr. O executivo focou a empresa em grandes transações comerciais, aumentando a participação da AIG no ramo dos seguros de vida e outros, que há décadas atrás eram muito incomuns, como por exemplo, seguro contra sequestro e proteção contra ações judiciais movidas por executivos de uma empresa. Aos poucos foi mudando o foco da empresa que passou a atuar fortemente na cobertura corporativa, que possuía uma margem elevada. Já em 1975, Maurice fez uso de suas grandes e importantes relações pessoais, quando a China ainda era um país fechado e marcado pelo suspiro final dos anos da Revolução Cultural, visitando Pequim e estabelecendo laços de amizade com a liderança comunista. Com isso, tornou a AIG a primeira empresa americana de seguros a estabelecer uma relação comercial direta com a República Popular da China.


Além de popularizar os seguros no país, o executivo internacionalizou a empresa, diversificou seus produtos ingressando na área financeira e ganhou invejável influência que o permitia circular na Rússia durante a guerra fria ou até mesmo nas alas mais reservadas da Casa Branca, não importasse quem fosse o presidente americano. Seus funcionários queixavam-se das pressões. Os acionistas o endeusavam. A era Greenberg na AIG foi marcada por ganhos médios de 14% ao ano e, por isso, ele era visto como um herói do capitalismo por Wall Street. O executivo conduziu a AIG por 38 anos, até que no mês de abril de 2005, uma investigação do Procurador-Geral do estado de Nova York, Eliot Spitzer, o fez se afastar do comando, em virtude de negócios de resseguro finito emitidos em favor da AIG pela General Re, entre 2000 e 2001, realizados para aumentar os prêmios líquidos e as reservas do ressegurador. Era o início de uma crise sem precedentes na história da AIG, agravada ainda mais pela grave crise econômica que assolou o mundo a partir de 2008, gerando perdas astronômicas. E apesar dessa conturbada situação, no ano de 2006, a AIG adquiriu a Travel Guard, fornecedora de seguros de viagem e assistências de viagem de emergência.


Nos anos seguintes, a AIG passou por uma enorme reestruturação, que culminou com a troca de seus principais executivos, inúmeras demissões, vendas de muitas subsidiárias mundiais e sua divisão em três blocos de negócios, seguros de ramos elementares, seguros de vida e previdência e outras atividades. Com isso, as duas operações de vida, Alico e AIA, foram negociadas com a MetLife e a Prudential do Reino Unido. Além disso, a AIG recebeu um total de US$ 182 bilhões do governo dos Estados Unidos durante essa enorme crise financeira. No ano de 2012, a AIG repagou integralmente a assistência financeira do governo americano com lucro, restaurou sua reputação e relançou sua marca globalmente. Ainda esse ano, introduziu o CyberEdge, um serviço desenvolvido para proteger contra todo risco potencial de uma violação cibernética, incluindo exposições financeiras, legais, investigativas e de reputação. No final de 2013 a empresa vendeu para a AerCap seu setor de crédito aeronáutico, conhecido como International Lease Finance Corporation (ILFC), que faz leasing de aeronaves para empresas aéreas. Além disso, lançou o seguro de property contra atos terroristas, um produto que se destina a qualquer empresa que queira preservar o patrimônio, entre elas, aeroportos, museus, hotéis, e grandes ícones turísticos, que são os “alvos mais comuns” desse tipo de ato. Em 2015, a AIG recebeu aprovação da FAA para operar drones com o objetivo de conduzir inspeções para avaliação de risco e desenvolveu o seguro de aeronaves não tripuladas. Nesses últimos anos, a empresa começou a dar sinais de recuperação, voltando aos poucos a ser lucrativa.


A pior crise de sua história 
Terremotos, furacões, enchentes, revoluções ou até mesmo uma guerra nuclear. Maurice “Hank” Greenberg construiu a AIG para sobreviver a todo e qualquer desastre. Outrora maior seguradora do mundo – chegou a ter US$ 800 bilhões em ativos –, durante décadas a empresa garantiu cobertura a pessoas e empreendimentos de qualquer magnitude em 130 países, não importando a natureza do risco. O maior de todos eles, porém, acabou com a própria AIG e nem mesmo Greenberg foi capaz de prever. Era difícil imaginar que um gigante como a AIG pudesse ruir. Mas os indícios de que isso poderia acontecer começaram no final de 2007, quando a empresa anunciou perdas de US$ 5.3 bilhões no último trimestre do ano. Nos dois primeiros trimestres de 2008, essas perdas subiram para US$ 13.16 bilhões. A situação começava a ficar dramática: o valor da AIG no mercado despencou. Em março valia US$ 107 bilhões, poucos meses depois, em setembro, chegou ao fundo do poço, perdendo 94.2% de seu valor de mercado. Depois do pedido de concordata do quarto maior banco americano, o Lehman Brothers, no dia 14 de setembro de 2008, a gigante AIG parecia séria candidata a ser a próxima vítima da crise financeira, pois o mercado temia que a empresa fosse obrigada a arcar com outros bilhões de dólares em perdas adicionais uma vez que ofereceu garantia a complexos instrumentos financeiros atrelados a empréstimos para a aquisição de imóveis, cujos valores despencaram. A situação se tornou insustentável, e, no dia 16 de setembro, a empresa sofreu uma grave crise de liquidez, após a queda de sua classificação de risco. Para evitar a quebra da seguradora - e o consequente aprofundamento da crise dos subprimes - o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) anunciou a criação de uma linha de crédito de até US$ 85 bilhões, por um período de 24 meses, a uma taxa 8.5%, tendo como garantia 79.9% das ações da empresa. Foi a maior operação de salvamento de uma empresa privada empreendida pelo governo americano em toda a história. Afinal, se o colosso global entrasse em colapso, as consequências iram superar todas as outras falências. No começo de março de 2009, o governo americano ampliou sua participação na problemática gigante de seguros por meio de uma injeção de US$ 30 bilhões em capital em troca de ações preferenciais. Isto ocorreu poucas horas antes da empresa divulgar um prejuízo de US$ 61.66 bilhões no quarto trimestre de 2008 e uma perda anual de US$ 99.2 bilhões, o maior da história corporativa americana, quebrando o recorde registrado pela Time Warner em 2002.


O apoio aos esportes 
Nos esportes, a AIG patrocinou durante muito tempo o Japan Open Tennis Championships, torneio de tênis que ficou conhecido como AIG Open. No futebol, em 2006, a empresa assinou um contrato de patrocínio de quatro anos com o Manchester United, clube com a maior torcida da Inglaterra. Desde 2012, a equipe de rúgbi mais famosa do planeta, a lendária seleção neozelandesa, conhecida como “All Blacks”, tem um acordo de patrocínio com a AIG.


A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por algumas remodelações ao longo dos anos. O primeiro logotipo da marca surgiu em 1973. Ele foi criado através de um concurso aberto a todos os funcionários da empresa ao redor do mundo. Filemon G. “Sam” Samiley, do escritório das Filipinas, criou o conceito vencedor. Somente em 1987 a AIG adotou o tradicional logotipo com um fundo azul. Em 2012 a empresa apresentou sua nova identidade visual, que marcava também uma nova fase depois da enorme e devastadora crise econômica iniciada em 2008. Com nova tipografia de letra, mais leve, o novo logotipo adotou também um azul mais claro como cor e ganhou ares de modernidade. O novo logotipo refletia uma AIG reconstruída e reenergizada; e com olhar para um futuro - contemporâneo, dinâmico, transparente e revitalizada.


Os slogans 
Bring on tomorrow. (2012) 
Strength to be there. (2007) 
We know money. (2003) 
The greatest risk is not taking one. (2002) 
A partner in your future. (2002) 
World leaders in insurance and financial services. (2001) 
Secure your future. (2000) 
Insuring your work, your life, your world. (1997)


Dados corporativos 
● Origem: China 
● Fundação: 19 de dezembro de 1919 
● Fundador: Cornelius Vander Starr 
● Sede mundial: New York City, New York, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: American International Group Inc. 
● Capital aberto: Sim (1969) 
● CEO & Presidente: Brian Duperreault 
● Faturamento: US$ 49.5 bilhões (2017) 
● Lucro: - US$ 6.08 bilhões (2017) 
● Valor de mercado: US$ 38.2 bilhões (dezembro/2017) 
● Presença global: 80 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 49.800 
● Segmento: Financeiro 
● Principais produtos: Seguros, resseguros e gestão de investimentos 
● Concorrentes diretos: Allianz, AXA, Mapfre, Zurich, Liberty Mutual, Nationwide, Aflac, ING, Allstate, Generali e Chubb 
● Slogan: Bring on tomorrow. 
● Website: www.aig.com.br 

A marca no mundo 
A AIG vende seus produtos e serviços, que ajudam empresas e pessoas a proteger seus ativos, gerenciar riscos e fornecer segurança de aposentadoria, para milhões de clientes em mais de 80 países ao redor do mundo. Sua atuação global a serviço de mais de 98% das empresas presentes na lista da Forbes 500 permite entender as necessidades dos seus clientes, respeitando as características de suas culturas locais. Com um portfólio diversificado de produtos e serviços, a AIG orgulha-se de ser líder em diversos segmentos e possuir rica experiência em atendimento de sinistros, solidez financeira e ampla expertise em gerenciamento de riscos. A AIG está presente no Brasil desde 1949, atuando em seguros pessoais e empresariais. Com um portfólio diversificado de produtos e serviços, é líder em diversas linhas de negócios e oferece, em parceria com corretores, uma gama de soluções em seguros para pessoas e empresas no país. 

Você sabia? 
Em 1962 a empresa forneceu seguro de acidentes de viagem para a equipe de beisebol do New York Yankees durante a disputa da tradicional World Series. 
Em 1992 a República Popular da China concedeu à AIG uma licença para operar no segmento de seguros de vida e não-vida em Xangai. Em mais de 40 anos, foi a primeira seguradora estrangeira que conseguiu uma licença do governo chinês. 
Em 1995 a empresa lançou o AIG DIRECT, um serviço que ajuda de forma rápida a cotar seguro de vida e informações sobre as melhores opções para proteger o futuro financeiro das famílias. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 3/12/2018

2 comentários:

Anônimo disse...

Actualmente o que se pode concluir sobre a situação da seguradora AIG? Quais os dados que se registam?

Atentemente
Sofia,Porto
19-07-2011

Anônimo disse...

Relativamente à seguradora AXA, nao possui qualquer informação??Sua historia..etc

Atentamente,

Sofia, Porto
Aguardando resposta e desde ja mt obrigado!