31.10.11

GOLDMAN SACHS


Se existe uma grife poderosa no setor financeiro mundial, ela atende pelo nome de Goldman Sachs, o poderoso banco de investimento americano que através de sua solidez e tradição conquistou clientes importantes como bilionários famosos, grande corporações, altos executivos e governos, e cuja influência é maior que muitas nações do planeta. 

A história 
Tudo começou quando Marcus Goldman (imagem abaixo), um ex-professor e filho de um camponês que negociava gado, chegou da Alemanha em 1848, na primeira grande onda de imigração de judeus para os Estados Unidos, trabalhando inicialmente como mascate e depois como lojista na cidade da Filadélfia. Em 1869, já casado e com cinco filhos, ele se mudou para a cidade de Nova York e colocou uma placa com o nome Marcus Goldman & Co. em Pine Street, Manhattan, estabelecendo-se como corretor de títulos imobiliários em um pequeno e apertado espaço no subsolo próxima a uma carvoaria. Contando apenas com um office boy e um guarda-livros de meio período, que à tarde trabalhava em uma funerária, ele deu início a uma das maiores e mais respeitadas casas bancárias do século XX. Todas as manhãs, vestindo um elegante casaco, ele visitava negociantes atacadistas de diamantes na Maiden Lane e negociantes de peles e couros em um local conhecido como “brejo”, localizado na Beekman Street, para comprar suas notas promissórias. Goldman dava a um comerciante, por exemplo, US$ 4.850 em dinheiro vivo e, em troca, ele assinava uma nota promissória de US$ 5.000 a ser paga ao portador em uma determinada data. Essas promessas de pagamento eram instrumentos ao portador e em suas andanças ele as guardava dentro do forro de seu chapéu para revendê-las no final do dia para bancos, como por exemplo, o Chemical Bank ou o National City Bank. Nesta época, se costumava dizer que o sucesso de Goldman era medido pela altura de seu chapéu, onde ele guardava as promissórias.


Embora bem sucedido, o negócio de Goldman era insignificante, se comparado aos de outros banqueiros judeus de origem alemã da época. Em 1882, ele convidou seu genro, Samuel Sachs, para se tornar sócio do negócio, que passou a se chamar M. Goldman and Sachs. Pouco depois, em 1885, ele convidou seu filho Henry e seu genro, Ludwig Dreifuss, para serem sócios do negócio, que adotou o nome de Goldman & Sachs. Nesta época, bancos fundados por judeus começaram a se beneficiar do anti-semitismo dos grandes financistas americanos. Um dos maiores deles, o J.P. Morgan, não fazia negócios com empresas de donos judeus e as deixava para os bancos “judeus”, como o Goldman Sachs, que deve à religião parte da chance que teve no financiamento de varejistas e produtores de charutos. Um passo importante para o negócio ocorreu em 1896, quando a empresa passou a ser membro da Bolsa de Valores de Nova York, ingressando no promissor mercado de emissões de ações. Através dos esforços desses homens, o Goldman Sachs viria a ser por mais de um século a maior corretora de títulos da dívida americana. Até os primeiros dias do século XX o negócio, que já tinha mudado de local por várias vezes, se fixou em algumas salas do segundo andar do número 43 da Exchange Place, o que era espaço suficiente para acomodar os cinco sócios, dez funcionários e seis mensageiros. Em 1906, a empresa tinha lucros de US$ 1.2 milhões e os negócios tinham se tornados tão grandes e variados que os sócios haviam acumulado capital de US$ 4.5 milhões.


Quando Marcus se aposentou, deixou os negócios nas mãos de seu filho Henry e de seu genro Samuel Sachs. Foi nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial que as operações de banco de investimento como conhecemos hoje começaram a existir. E o Goldman Sachs não deixou essa oportunidade passar. Neste período expandiu-se rapidamente abrindo filiais em importantes cidades americanas como Chicago, Boston, Filadélfia e St. Louis. No dia 4 de dezembro de 1928 a empresa lançou a Goldman Sachs Trading Corporation, empresa criada para gerir os investimentos feitos pelo banco. Mas o crash da Bolsa de Valores em 1929 fez com que essa empresa se transformasse em um fiasco, afetando a credibilidade do Goldman Sachs, que foi severamente atingido pela crise.


Coube ao filho de um falsificador de bebidas, chamado Sidney Weinberg, a tarefa de reerguer o Goldman Sachs e, ao fim, tornar-se o executivo mais importante de sua história. Como o capital do banco tinha evaporado, ele decidiu se dedicar a relacionamentos com grandes clientes e a ganhar dinheiro assessorando negócios feitos por eles, algo que dispensava o uso de capital. E seu negócio emblemático foi a execução da abertura de capital (conhecido pela sigla em inglês IPO) da montadora Ford em 1956, à época o maior da história. Nesse mesmo ano a divisão de investimento foi criada oficialmente. Sob o comando de Weinberg, o banco se tornou, sobretudo, uma máquina de formar pessoas. Ainda nos anos de 1950, época em que poucos bancos recrutavam profissionais em escolas de administração, o Goldman Sachs foi um dos primeiros a fazê-lo. Na década de 1960 a importância do Goldman Sachs era tamanha, que movimentaria 50% dos títulos da dívida do país, colocando mais de US$ 200 milhões por dia junto a investidores. Apesar de sua presença mundial, o Goldman Sachs só abriu seu primeiro escritório internacional na cidade de Londres em 1970.


Foi nas décadas seguintes sob a liderança dos sucessores de Weinberg (entre eles seu filho John) que o banco passou por sua maior transformação. Ela veio com a decisão de abrir o capital na Bolsa de Valores, em 1999. O IPO foi intensamente debatido por mais de duas décadas, não sem atritos entre os sócios. Foi a partir da abertura de capital que o banco ganhou a cara que tem hoje. Antes era um assessor de empresas em fusões ou emissões de ações, e depois tornou-se essencialmente um investidor que arrisca o próprio capital em apostas no mercado financeiro ou na compra de empresas. Mas a crise de 2008 pôs uma pá de cal no extremamente rentável modelo de negócios do Goldman Sachs. Durante a crise dos subprimes nos Estados Unidos, o Goldman Sachs quase foi à falência, e foi salvo pelo Fed (Banco Central norte-americano), que permitiu que o Goldman Sachs deixasse de ser somente um banco de investimentos para se tornar um banco comercial, abrindo mão de algumas das características que o fizeram a maior máquina de ganhar dinheiro de Wall Street. Dois anos depois, no entanto, a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) acusou a instituição de fraude pelas hipotecas subprime (tal processo foi resolvido fora dos tribunais). Para se readequar ao novo cenário, o banco demitiu 10.000 pessoas e teve que conviver com lucro bem menores. Apesar dos problemas enfrentados durante a crise financeira mundial dos últimos anos, o Goldman Sachs conseguiu se recuperar.


Diante das regulamentações impostas após a grave crise de 2008 e de um mercado cada vez mais difícil e competitivo, o Goldman Sachs resolveu apostar em novas fontes de receita. Historicamente focado no mercado corporativo, governos e administrando as fortunas dos ricos e poderosos, em abril de 2016, o tradicional banco surpreendeu o mercado criando o GS BANK, um banco digital para o varejo, que permite abrir novas contas com um depósito mínimo de somente US$ 1 (até então, as contas tradicionais do banco mantinham um valor mínimo de US$ 10 milhões para a abertura). E, pouco depois, anunciou a criação da Marcus by Goldman Sachs, uma plataforma digital para empréstimos sem garantia e contas de poupança de alto rendimento aos consumidores. Com estes novos produtos o Goldman Sachs acredita que o nome e a credibilidade do banco atrairão a população, que talvez se sinta mais confortável trabalhando com um banco habituado a gerir a riqueza dos bem afortunados.


No Brasil o GS começou a atuar em 1995, com enfoque inicial no estabelecimento do seu negócio de consultoria em fusões e aquisições e, a partir de 2008, passou a oferecer serviços de gestão de ativos de renda fixa, ações e multimercados para investidores locais. A subsidiária brasileira lançou seu primeiro fundo de investimento em junho de 2008 e desde então vem complementando a sua gama de produtos destinados a clientes institucionais e aos canais de distribuição para pessoas físicas. Hoje em dia o Goldman Sachs opera em quatro segmentos: Banco de Investimento (projetos de assessoria estratégica com respeito a fusões e aquisições, alienações, atividades de corporate defense, gestão de risco, reestruturações e cisões, e subscrições de dívida e ações em ofertas públicas e colocações privadas); Serviços para Clientes Institucionais (facilita as transações de clientes e atua no mercado nas áreas de renda fixa, ações, câmbio e commodity, principalmente para clientes institucionais como corporações, instituições financeiras, fundos de investimento e governos); Investimentos e Empréstimos (oferece empréstimos geralmente de longo prazo, e investe, direta e indiretamente através dos fundos que gerencia, em títulos de dívida e empréstimos, títulos de capital públicos e privados, imóveis, entidades de investimento consolidadas e instalações de geração de energia); e Administração de Recursos e Securitização.


Poderoso, influente e polêmico 
A história do Goldman Sachs é repleta de solavancos. Flertando com políticos e a nata do empresariado, atravessou estouro de bolhas, recessões, riscos de quebra e processos que tentaram podar a sua ascensão, acusando-o de prejudicar clientes e burlar a concorrência. Mas nada disso, tirou seu poder no mercado financeiro. É comum dizer que é o banco de investimento mais poderoso do planeta; que paga os melhores salários de Wall Stree, sofre o maior índice de divórcios, já que as jornadas de trabalho excedem a capacidade humana; que na crise financeira se deu bem enquanto os demais afundavam; que não há um canto da Terra onde não cheguem seus tentáculos; que nenhum governo o ignora; ou que quem entra ali abraça um sacerdócio. Uma vez “goldmaniano”, “goldmaniano” para sempre. Dizem que o Goldman Sachs governa o mundo. O grande poder na sombra, o titã, a grande lula-vampiro, o guardião de Wall Street. Poucas empresas no mundo têm tantos apelidos - e quase sempre tenebrosos - quanto o Goldman Sachs. É definitivamente o grande símbolo da influência do poder financeiro na política nos Estados Unidos. Além disso, sua importância no setor financeiro durante sua história é tamanha, que alguns de seus ex-funcionários incluem Robert Rubin e Henry Paulson, que serviram como Secretários do Tesouro Americano. O GS teve tantos ex-funcionários importantes, que uma teoria da conspiração se tornou popular: de que o Goldman Sachs controla o governo americano em benefício próprio, chegando a ser ironicamente apelidado de Government Sachs, em uma alusão à sua influência na Casa Branca.


Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 1869 
● Criador: Marcus Goldman 
● Sede mundial: New York City, New York, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: The Goldman Sachs Group Inc. 
● Capital aberto: Sim (1999) 
● Chairman & CEO: Lloyd Blankfein 
● Presidente: Harvey Schwartz e David Solomon 
● Faturamento: US$ 37.7 bilhões (2016) 
● Lucro: US$ 7.1 bilhões (2016) 
● Valor de mercado: US$ 98.08 bilhões (dezembro/2017) 
● Valor da marca: US$ 10.864 bilhões (2017) 
● Presença global: 100 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 34.400 
● Segmento: Financeiro 
● Principais produtos: Gestão de ativos e de valores mobiliários, serviços de investimentos e corretagem de ações 
● Concorrentes diretos: Merrill Lynch, Credit Suisse, J.P. Morgan, Morgan Stanley, Deutsche Bank, Citigroup, UBS e Barclays 
● Slogan: Our Client’s Interests Always Come First. 

O valor 
Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca Goldman Sachs está avaliada em US$ 10.864 bilhões, ocupando a posição de número 44 no ranking das marcas mais valiosas do mundo de 2017. A empresa também ocupa a posição de número 78 no ranking da revista FORTUNE 500 de 2017 (empresas de maior faturamento no mercado americano). 

A marca no mundo 
Atualmente o Goldman Sachs, um dos líderes globais em investimentos e gestão de ativos, mantém operações em aproximadamente 100 países ao redor do mundo, oferecendo também consultoria sobre fusões e aquisições. Atualmente é também um revendedor primário no mercado de valores mobiliários do Tesouro Americano. Com lucro superior a US$ 7 bilhões em 2016, o banco tem, apenas em sua divisão de investimentos, mais de 8.000 grandes clientes. Com sede principal na cidade de Nova York, a empresa mantém escritórios nos mais importantes centros financeiros mundiais como Londres, Chicago, Los Angeles, Frankfurt, Zurique, Paris, São Paulo, Hong King, Pequim, Sydney, Dubai, Madri, Milão, Tóquio, Moscou, Toronto e Mônaco. 

Você sabia? 
Como banco de investimento, o Goldman Sachs age como conselheiro financeiro para alguns dos mais influentes governos do mundo, outras instituições financeiras, poderosas corporações e as famílias mais ricas do planeta. 
O Goldman Sachs foi a primeira companhia a usar o termo “BRIC”, que significa as iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, cujas economias crescentes possuem a capacidade para se tornarem as mais poderosas do mundo em um futuro muito próximo. 
Tamanho é o prestígio e o poder do Goldman Sachs, que o banco é conhecido como “The Firm” (A Firma) no círculo financeiro. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Folha, Valor Econômico, El País e Estadão), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 12/12/2017

3 comentários:

Grazii disse...

Nem Banco é "melhor" do que o BB.
hahahahaha
Apesar que esse banco é poderoso, pelo que li no post, nem sabia que ele existia..

Anônimo disse...

Cada uma...

Unknown disse...

É banco americano muito poderoso minha filha