6.5.11

VILLEROY & BOCH

Imagine uma empresa com mais de 260 anos de história. Que nasceu na fronteira entre Alemanha e França e, apesar de ser oficialmente uma empresa germânica, tem muito de francês em suas peças. Se você acha que as melhores porcelanas do mundo são inglesas, ainda não conhece a VILLEROY & BOCH, que insistentemente ao longo desses anos persegue seus ideais de estética refinada e alta qualidade para produzir belíssimas porcelanas e maravilhosos cristais que saltam aos olhos de quem aprecia sofisticação e luxo.

A história
Sua história de existência é fascinante. Uma interessante viagem no tempo, onde famílias diferentes e personagens se entrelaçam superando todas as adversidades. Tudo ocorreu no mesmo cenário: bacia do rio Saar. No século XVIII, nesta região do Ducado de Lorraine (região independente entre o Reino da França e o Sacro Império Germânico) surgiram inúmeras manufaturas de cerâmicas. Foi neste cenário que, em 1748, François Boch fundou no vilarejo de Audun-le-Tiche uma pequena olaria. Seus filhos, Pierre-Joseph, Dominique e Jean-François o auxiliavam na produção, em grande parte de peças na cor marrom, devido ao óxido de ferro abundante na argila da região. Sua filha Cathérine se casou com Pierre Valette, funcionário da fábrica de Lunéville que transmitiu à família Boch o segredo da faiança branca. Depois que o Ducado de Lorraine perdeu sua independência e passou a pertencer à França, a fábrica foi transferida para Septfontaines, no Grão Ducado de Luxemburgo, com um novo nome, Jean-François Boch et Frères, onde iniciou a produção de peças para o uso cotidiano, notadamente na cor azul. Surge então, a primeira decoração, chamada “Brindille” ou “Alt Luxemburg”, ainda hoje em produção.


Em 1785, outro empresário, Nicolas Villeroy, fundou sua fábrica de cerâmicas na cidade francesa de Frauenberg, que poucos anos depois seria transferida para Wallerfangen, cujo nome francês era Vaudrevange. Em 1794, a fábrica dos irmãos Boch em Septfontaines foi invadida e completamente destruída. Quando, em 1803, Napoleão interditou a importação de óxido de chumbo inglês necessário para a fabricação dos esmaltes, as fábricas iniciaram uma vasta fabricação de peças brancas, sem decoração, para um mercado cada vez mais empobrecido. Pouco depois, em 1806, Napoleão bloqueou a entrada na Europa de todo e qualquer produto inglês, e os irmãos Boch aproveitaram a oportunidade para reerguer a fábrica, chegando a empregar em 1811 mais de 150 funcionários. Em 1809 Jean-François Boch se desvinculou do grupo, comprou a antiga Abadia de Mettlach, na Alemanha, se casou com Rosalie Buschmann em 1812 e começou a produzir por conta própria a partir de 1813, com o nome Boch-Buschmann.


Pouco depois, após o Congresso de Viena, parte do território francês foi retomado pela Alemanha, e as famílias produtoras de cerâmicas se encontraram a menos de 20 km umas das outras, não encontrando outra solução a não ser buscar alianças. No dia 14 de abril de 1836, finalmente ocorreu a fusão das fábricas, nascendo o grupo VILLEROY & BOCH, com a família Villeroy controlando 60% do novo negócio. Em 1843 a empresa iniciou a diversificação de seus produtos passando a fabricar pequenas peças de cristais como copos, taças e jarras. A fabricação de azulejos e pisos foi iniciada em 1852, respondendo por mais de 60% da produção da fábrica, principalmente após a instalação das caldeiras a vapor.


A partir de 1865, a importante obra de canalização do rio Saar permitiu um rápido escoamento da produção. A região se tornou cada vez mais importante e a empresa viveu um importante progresso. A qualidade da terra de pipe melhorou sensivelmente, quando começou a juntar caolin à massa, criando a Porcelaine Opaque, conhecida também como porcelana inglesa. Em 1872 a empresa iniciou a fabricação de louças sanitárias. No final deste século, a VILLEROY & BOCH fornecia louças para as principais Casas Reais Européias. Em 1902, após a instalação dos fornos-túnel em todas as fábricas da região, a produção da empresa alcança um sucesso enorme. Nesta época, os famosos Grès esmaltados de Mettlach e a faiança em relevo colorida fazem grande sucesso comercial. Ainda nesta época, os azulejos em estilo Art Nouveau são destinados a inúmeras brasseries de Paris e Berlim, estabelecimentos comerciais, fachadas e tetos do Palácio Imperial de Strasburgo, estando presentes em todos os transatlânticos da companhia White Star, entre eles o TITANIC.


Com o início da Segunda Guerra Mundial, as fábricas da empresa passam para o controle das autoridades nazistas e são destinadas exclusivamente para a produção de munições. Com o fim do conflito, após inúmeros bombardeios, os maquinários estavam destruídos. Foram necessários oito meses somente para retirar os escombros. As fábricas situadas no leste da Alemanha foram expropriadas. Nas décadas seguintes a empresa retomou o crescimento, intensificou as exportações para o Japão e Estados Unidos nos anos 70 e focou sua linha de produtos também em peças em cristais, faqueiros em aço inox e porcelana para banheiro. Em 1987 grupo VILLEROY & BOCH se tornou uma sociedade anônima e ainda hoje os membros da família fazem parte dos conselhos. No final desta década, a empresa criou um departamento exclusivo para atender aos hotéis mais luxuosos do mundo.


Nos anos 90 a VILLEROY & BOCH oferecia soluções completas e inovadoras para decoração interior, incluindo uma sofisticada linha de saunas e banheiras de hidromassagem. Além disso, a empresa também criou a linha NewWave, composta por peças com design completamente novo, assimétrico com contornos angulares e ondulantes. No Brasil, a marca inaugurou sua primeira loja na cidade de São Paulo em julho de 2010, trazendo muito requinte e luxo às mesas mais tradicionais. Todas as peças são vendidas individualmente, para que o cliente possa montar jogos de mesa da forma que achar melhor e mais bonito, e sempre há reposição. Hoje, mais do que uma marca, a VILLEROY & BOCH é símbolo de status, qualidade e bom gosto, nos mais diversos setores, que englobam desde louças sanitárias, azulejos, banheiros e cozinhas planejadas, até decoração da mesa, porcelanas, faqueiros e cristais.


Dados corporativos
● Origem: Alemanha/França
● Fundação:
1748
● Fundador: François Boch e Nicolas Villeroy
● Sede mundial:
Mettlach, Alemanha
● Proprietário da marca: Villeroy & Boch AG
● Capital aberto: Sim (1990)
● Chairman & CEO: Frank Göring
● Faturamento: €714.2 milhões (2011)
● Lucro: - €62.8 milhões (2011)
● Valor de mercado: €198.3 milhões (maio/2011)
● Presença global: 125 países
● Presença no Brasil:
Sim
● Funcionários: 8.688
● Segmento: Cerâmica e utensílios domésticos
● Principais produtos:
Porcelanas, cristais, faqueiros e louças sanitárias
● Ícones: Os florais e campestres das peças
● Website:
www.villeroy-boch.com

A marca no mundo
Hoje em dia a VILLEROY & BOCH, maior e mais importante fábrica de louças e porcelanas em todo o mundo, engloba dezenas de fábricas na Europa, México e Tailândia, produzindo em quatro continentes e exportando para 125 países ao redor do mundo, alcançando faturamento superior a €700 milhões. Atualmente 75% de seu faturamento é gerado fora da Alemanha, com China, Ásia e Oriente Médio sendo os mercados que mais crescem para a marca.

Você sabia?
No Villeroy & Boch Discovery Centre, localizado em Mettlach, é possível conhecer toda a história da empresa através de uma vasta coleção de 17.000 peças, que são verdadeiros tesouros da cerâmica.

As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).

Última atualização em 6/5/2011

3 comentários:

Maria Pereira disse...

Encontrei em uma parte de demoliçao 1 peça de cerâmica(piso)com a marca Villeroy & Boch MELLLACH com a forma de octogno na cor branca com desenhos em verde,medindo 16 cm de diâmetro com 7 cm de cada lado. Acredito ser uma peça produzida no início de 1900, porque o terreno onde foi encontrada tem um prédio construído em 1912.
Tenho mais duas peças quadradas com 6,5 de largura nas cores branca vermelho e verde, e a outra branca eazul escuro.

Wallace Fine Arts disse...

Excelente artigo,como sempre!
Estou pesquisando sobre monumentos assinados pela Villeroy & Boch aqui no Brasil.
Tenho duas estátuas da marca,datadas do século XIX,em meu acervo.
No Jardim Sensorial do Jardim Botânico do RJ há duas estátuas (deusa Ceres e deusa Diana).
Em São Paulo,duas estátuas adornam o jardim do Museu do Imigrante.
Também tenho a informação que a fachada do antigo Banco do Comércio e Indústria,também em São Paulo,foi feita por esta tradicional manufatura alemã.
Uma belíssima estátua da deusa Minerva adorna um jazigo datado do século XIX,no Cemitério da Saudade,em Piracicaba,interior de SP.
Tenho notado que na maioria dos locais em que as estátuas estão presentes,informações sobre o material das mesmas são equivocadas.
As estátuas são feitas em terracota,mas normalmente o material descrito é o mármore!
A Villeroy & Boch obviamente não criava objetos de mármore,aliás as estátuas em terracota,produzidas na fábrica de Merzig,tinham maior resistência às intempéries,constituindo uma excelente alternativa ao mármore.
Sou amante das porcelanas e ceramicas,e as informações postadas aqui no blog têm me ajudado bastante.
Abraço

Claudia disse...

Eu sou amante de porcelana e cerâmica e também quando era mais jovem queria muito estuda mais não foi possível , eu conheci a marca Boch e gostei através de uma amiga que viver na França e viajado pela Europa em Cruzeiro sem endete o idioma o Cruzeiro parou em uma cidade chamada Saabrug e nesta cidade conheci a fábrica ...Já era amante agora sou mais ainda , tudo tão lindo e maravilhoso, e que pena que o guia de turismo era alemão , eu não falo prefeito alemão , foi passado um filme com a história da família e começo da fábrica , não endeti nada , e vi pesquisa aqui , Graça Deus encontrei este blog e só tenho que agradecer a vocês por ter feito este blog , gosto muito de conhecer lugares fábrica , um pouco difícil de endete mais mesmo assim os blog tem ajudado muito .... Pena que na fábrica foi uma visita corrida e só deu para compra 4 xícaras e livros com informações, na fábrica era tudo mais barato , obrigado a todos abraços