17.7.06

† Transbrasil (1955-2002)

A Transbrasil foi fundada por Omar Fontana, filho de Attilio Fontana, fundador da Sadia, em 1955. Omar arrendou um DC-3 para trazer carne fresca de Santa Catarina para São Paulo. A idéia foi um sucesso, o que levou Omar a constituir a Sadia Transportes Aéreos. Em 16 de março de 1956, o DC-3 PP-ASJ iniciou serviços de carga e passageiros entre Florianópolis, Videira, Joaçaba e São Paulo. Em 1961 adquiriu a Transportes Aéreos Salvador, ampliando sua frota e voando até a região nordeste. Os anos 70 foram marcados pelo crescimento: em setembro de 1970, chega o primeiro de 8 jatos BAC One Eleven inaugurando a era do jato na empresa. Em 1973, Omar resolve abrir o capital aos seus funcionários e muda a razão social da empresa para Transbrasil S.A Linhas Aéreas. Além das cores vibrantes, por fora e por dentro, nos uniformes e nas poltronas, o marketing da empresa teve uma fase colorida. Para festejar, Omar Fontana mandou criar um serviço de bordo tipicamente brasileiro. Anúncios de revista promoviam sem meias palavras, em letras cumbucais: Feijoada a bordo. Todas as quartas e sábados, naturalmente, os aviões decolavam exalando o inconfundível aroma das partes suínas (by Sadia) boiando no grosso caldo do feijão preto. Detalhe: com caipirinha para companhar. Foi um sucesso. Antes de década terminar, a Transbrasil é a terceira maior empresa aérea do Brasil, voando com uma frota de 10 Boeings 727-100. Os anos 80 foram intensos. Omar preparou a Transbrasil para o grande salto: em junho de 1983 chegaram 3 Boeing 767-200, com os quais iniciou vôos charter internacionais para Orlando, Flórida. A "Década Perdida" deixou marcas na empresa: os sucessivos planos econômicos, desastradamente congelaram preços, mas não custos, ocasionando enormes prejuízos. Em setembro de 1988, Omar entrou na justiça com um processo contra o governo, exigindo reparação pelas perdas. A empresa sofreu uma intervenção federal, que afastou Omar do comando. Pouco mais de um ano depois, a empresa foi lhe devolvida com seu patrimônio dilapidado: o interventor vendeu vários ativos. Omar tinha convicção de que a saída para a crise da empresa era a expansão internacional. Os anos 90 foram dedicados à conquistar novas rotas internacionais (Miami, New York, Washington, Viena, Buenos Aires, Amsterdam e Londres) e a prosseguir na renovação da frota, incorporando novos 737-300 e 737-400, aposentando os 727 e 707 remanescentes. Os vôos internacionais, vistos como tábua de salvação, tornaram-se um grande problema. Em 1998, Omar deixou o dia-a-dia da empresa mas antes, assistiu o cancelamento de todos os vôos internacionais e, no front doméstico, o encolhimento da empresa que fundou. No mesmo ano, ganhou a ação que movera contra o governo, mas isso não foi suficiente para abrandar a crise. Depois disso, a queda da empresa foi vertiginosa, até que em 3/12/2001 a Transbrasil ficou sem crédito para a compra de combustível: todos os seus vôos foram cancelados. No dia seguinte, funcionários fizeram protestos, exigindo o pagamento de salários atrasados. E 100.000 passageiros ficaram com passagens nas mãos. O que se viu a seguir: os controladores da empresa anunciaram a venda por R$ 1,00 de 76% das ações para o Sr. Dilson Prado da Fonseca, que se comprometeu a assumir o rombo de quase 1 bilhão de reais e injetar milhões de Dólares. A empresa que nasceu transportando salsichas morreria nas mãos de um laranja? Os funcionários e a opinião pública sentiram cheiro de maracutaia: os controladores voltaram atrás e anunciaram Michel Tuma Ness como presidente. Ficou apenas 4 dias. Hoje, a empresa permanece no chão, em coma, à espera de um salvador que não virá.

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