13.6.06

JUQUINHA


Essas delícias deram gosto doce e divertido à infância de muitas gerações de brasileiros. Afinal, quem é que não gostava do Juquinha? Aquele loirinho sorridente que vinha estampado no papel amarelo da mais famosa marca de bala do mercado brasileiro, a Juquinha, que se transformou em um verdadeiro ícone do segmento no país. Afinal, pensou em infância, pensou em Bala Juquinha. Uma bala recheada de história e boas lembranças. 

A história 
Quem no Brasil não se lembra das tradicionais balas Juquinha? Mas antes delas se tornarem famosas, a empresa, fundada em 1945 por um português chamado Salvador Pestana, com a razão social de Salvador Pescuma Russo & Cia Ltda., produzia refresco em pó efervescente em uma pequena casa no bairro do Pari, em São Paulo. Pouco depois, a empresa se tornou atacadista que distribuía balas da então tradicional fabricante de confeitos Confiança. E foi apenas em 1950 que a empresa resolveu iniciar a fabricação das primeiras balas mastigáveis do mercado brasileiro. Nasciam então as famosas balas que encontraram logo uma grande aprovação em todo território nacional com o tradicional sabor tutti-frutti. Essa clássica guloseima era inicialmente produzida na cozinha da casa de Carlos Maia Picado, sócio da empresa e com a experiência adquirida por ele de um colega das Balas Chita. Mas o empresário não tinha um nome para sua criação. Pediu sugestões a um amigo, também português, que não titubeou: “Coloque o meu nome, ora pois!”, disse o compadre Juca. O confeiteiro achou que o nome não era lá muito apropriado e decidiu usar o seu diminutivo. Foram batizadas, assim, as Balas Juquinha. O primeiro rótulo das balas, com o desenho do rosto de um menino loiro sorrindo, foi criado ocasionalmente por uma gráfica.
  

Nos anos seguintes, as balas fizeram tanto sucesso, que a empresa mudou sua razão social para Balas Juquinha Indústria e Comércio Ltda., com sede em Santo André. Decidido a modernizar sua linha de produção, Carlos Maia comprou máquinas de última geração em 1979 e acabou se atolando em dívidas. Três anos depois acabou vendendo a fábrica para Giulio Sofio, um italiano nascido em Roma e formado em direito na Suíça, que ampliou a linha com novos sabores. Surgiram então as deliciosas balas de coco, limão, uva, framboesa e hortelã, só para citar alguns. Além disso, o novo proprietário lançou no mercado os tradicionais pirulitos, outra guloseima extremamente apreciada pelas crianças.
  

No começo dos anos de 1980, com o desejo de ampliar seu mercado, a Juquinha começou a exportar suas deliciosas balas para os Estados Unidos, através de um revendedor árabe que morava no país. Mais uma vez o sucesso foi imediato. E foram essas exportações, que começaram em 1985, responsáveis pela sobrevivência da empresa nos anos seguintes. A importância das exportações para a marca Juquinha foi tamanha que a empresa desenvolveu sabores exclusivos para alguns países, como por exemplo, “hot mix” (balas sortidas de café, leite e chocolate), exportadas para o Senegal; e “hot mint” (com pimenta), exportado para países africanos como África do Sul, Angola e Guiné.
  

Em meados da década de 1990, no início do Plano Real, programa de estabilização econômica que promoveu o fim da inflação elevada no Brasil, as Balas Juquinha viraram troco no país todo e a marca nem precisava de propaganda para se manter na mente do consumidor. Além disso, as Balas Juquinha se tornaram populares nas festas infantis, presença constante nos famosos “saquinhos de lembrança”. Nessa época, os números da empresa impressionavam: mais de 200 funcionários, que produziam 600 toneladas de balas por mês. Com a chegada do novo milênio, veio também uma novidade: as tradicionais balas na versão iogurte com morango. A partir de 2005, além de buscar novos mercados, uma das estratégias da Juquinha foi diversificar sua linha de produtos com o lançamento de balas duras (para chupar) e pirulitos de 20 gramas recheados com sabores de tutti-frutti, morango, cereja e abacaxi. A empresa também investiu em equipamentos de alta tecnologia e adequou todo processo de fabricação para desenvolver uma nova fórmula para as balas, que as tornou mais macias.
  

As balas e guloseimas faziam sucesso, mas em março 2015, devido à falta de interesse dos filhos do proprietário, o italiano Giulio Luigi Sofio, a fábrica foi fechada e a produção encerrada, o que causou comoção entre consumidores nas redes sociais ao perceberem o sumiço das balas nos pontos de venda. Mas pouco depois, a fórmula da bala, ultrassecreta, foi adquirida pelo empresário carioca Antônio Tanque, que iniciou uma nova fase de fabricação e distribuição das populares Balas Juquinha, que voltaram aos pontos de venda no mês de agosto, inicialmente no sabor de tutti-frutti, que retornou à fórmula original, mais “azedinha”. A partir de outubro, outros quatro sabores - uva, framboesa, morango e maçã-verde - voltaram a ser fabricados. Nessa nova fase da marca, o pirulito foi relançado com recheio de bala e a Jujuquinha (balas de goma) também ganhou as prateleiras dos pontos de vendas. Tudo isso fez a bala mais amada do Brasil voltar para o paladar do consumidor. Mais recentemente a marca lançou a tradicional Bala Juquinha no formato de tabletes mastigáveis.
   

Com mais de sete décadas de vida e presença quase onipresente em lembrancinhas de aniversário de criança pelo Brasil afora, a clássica Bala Juquinha resiste bravamente em um cenário em que grandes nomes praticamente sumiram (caso da Soft) ou foram incorporados por multinacionais (como por exemplo, a 7 Belo e a Kid’s que hoje pertencem à argentina Arcor).
  

A carismática mascote 
Durante mais de sete décadas, estampada nas propagandas, caixas, embalagens e papéis que envolvem as balas, a figura do menino Juquinha, mascote da marca, sofreu algumas mudanças, mas sem perder a essência da imagem do lourinho que o consagrou no Brasil e mundo afora. A última remodelação aconteceu em junho de 2015, quando Juquinha ganhou um visual mais jovem e despojado, com roupas mais justas e esportivas, que o remete à saúde e ao esporte. Juquinha então passou a aparecer batendo bola, usando quimono, ou andando de skate e bicicleta.
   

O famoso jingle 
Um dos jingles mais famosos da publicidade brasileira, que embalou gerações de pequenos brasileiros, foi criado para a marca Juquinha na década de 1980: 

Juquinha quando tá chupando bala, não fala; 
Não fala, não dá bola nem dá bala, Juquinha; 
Bala de coco e de frutas, Juquinha; 
De tamarindo, uva e limão; 
De hortelã, framboesa, Juquinha; 
Balas Juquinha, Balas Juquinha.
  

A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por algumas remodelações ao longo de sua história, mas sempre manteve uma imagem descontraída e alegre, especialmente com sua carismática mascote.
  

Dados corporativos 
● Origem: Brasil 
● Lançamento: 1950 
● Criador: Carlos Maia 
● Sede mundial: Rio de Janeiro, Brasil 
● Proprietário da marca: Balas Juquinha Ind. e Com. Ltda. 
● Capital aberto: Não 
● Diretor geral: Antônio Tanque 
● Faturamento: Não divulgado 
● Lucro: Não divulgado 
● Presença global: 100 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 50 
● Segmento: Doces 
● Principais produtos: Balas e pirulitos 
● Concorrentes diretos: 7 Belo, Kid’s, Balas Chita, Ice Kiss, Florestal, Dori, Santa Rita, Peccin, Fruittella e Chupa Chups 
● Ícones: A bala de tutti-frutti e sua embalagem amarela 
● Mascote: O menino Juquinha 
● Slogan: A bala da festa. 
● Website: www.juquinha.com.br 

A marca no mundo 
Velhas conhecidas do consumidor brasileiro, as guloseimas com a marca Juquinha conquistaram também o mundo. Aproximadamente 50% do faturamento da empresa vêm das exportações para 100 países como Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Bélgica, Israel, Rússia, Senegal e até Palestina, Egito e Líbano. Os Emirados Árabes Unidos estão entre os cinco principais mercados da marca no exterior. Com produção terceirizada para a Florestal Alimentos S/A, em Lajeado (RS), anualmente são produzidos 7 mil quilos de balas e 6 mil quilos de pirulitos (incluindo a versão com recheio). 

Você sabia? 
Durante os anos, vários funcionários foram demitidos porque tentavam descobrir a fórmula secreta das balas. 
Atualmente, as embalagens das balas são escritas em inglês, espanhol, francês, croata e até árabe. Os sabores mais vendidos para os países árabes são os de frutas como laranja, limão, cereja e abacaxi. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Exame, Época Negócios, Isto é Dinheiro, Veja e Embalagem Marca), jornais (Meio Mensagem e Estadão), sites especializados em Marketing e Branding (Mundo do Marketing) e Wikipedia (informações devidamente checadas). 

Última atualização em 10/2/2022 

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3 comentários:

Bruno disse...

Uma triste noticia atualizada http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-06-13/bala-juquinha-tem-producao-suspensa-e-se-despede-depois-de-64-anos.html

Unknown disse...

Em 1981 eu era camioneiro e transportava de são Paulo para o Rio de janeiro as balas juquinha, quantas saudades.

Waldir Santos disse...

será que somente eu percebo que o sabor é diferente do antigo?