14.6.06

AIRBUS

Como pode voar um avião cujas peças são fabricadas em mais de 20 lugares diferentes na Europa e China, transportadas para lá e para cá, até serem montadas? Não só podem como carregam milhões de pessoas anualmente atendendo por nomes como A380, A340, A330 ou A320, que levam a assinatura da gigante européia AIRBUS, uma das mais influentes empresas do setor aeronáutico.
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A história
Tudo começou oficialmente em setembro de 1967, quando um acordo entre Inglaterra, França e Alemanha, permitiu o início do projeto de um avião de fuselagem larga (conhecido como widebody). A empresa nasceu oficialmente somente no dia 18 de dezembro de 1970 com o nome de AIRBUS INDUSTRIES, resultado de um consórcio aeronáutico formado pelas empresas Aerospatiale (França) e Deutsche Aerospace (Alemanha), logo seguida pela espanhola Construciones Aeronáuticas AS. Neste dia, Roger Berteille e Henri Ziegler abriram uma garrafa de champanhe e comemoraram, junto a uma dúzia de funcionários, o estabelecimento formal da empresa, que não possuía hangares, aviões e clientes. Apenas um sonho na cabeça destes experientes homens da aviação francesa. O nome AIRBUS provém das palavras inglesas AIR e BUS, que significam Ônibus Aéreo em português.
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Segundo os críticos da época, a empresa estaria condenada ao fracasso e consumiria bilhões de dólares dos contribuintes do velho continente. Jamais teria condições de fazer frente a então poderosa americana Boeing. Afinal, a nova empresa, na opinião dos críticos, tinha tudo para virar um pesadelo: um consórcio formado por cinco países, com 5 línguas diferentes, sistemas de pesos e medidas distintos, diferentes moedas. Não, não se tratava de algo sério. Era assim que os americanos pensavam. Mas não foi bem isso o que aconteceu. O AIRBUS A300, primeiro avião construído pela empresa e fruto de cinco anos de esforços de uma equipe de pioneiros, foi também a primeiro aeronave widebody (de fileiras duplas) da história da aviação comercial. O primeiro exemplar foi construído em 1972, fazendo seu primeiro vôo teste em 28 de setembro. O modelo possuía dois motores, configuração típica para 266 passageiros, mas podendo levar até 300 (daí o seu nome, A300) e 4.150 milhas de autonomia. A primeira carteira de encomendas da empresa cabia em uma linha: seis aviões para a tradicional companhia aérea Air France.
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E, a despeito dos fabricantes norte-americanos desdenharem de seu novo concorrente, o mercado percebeu que os aviões da AIRBUS eram aeronaves de qualidade. Lentamente, o que antes parecia um sonho, aos poucos foi se transformando em realidade. Sem muito entusiasmo, e tendo sido “convidada” pelo governo francês, a Air France lançou o AIRBUS A300 em 23 de maio de 1974, voando de Paris para Londres. A alemã Lufthansa esperou até 1973 para encomendar os seus: no total, foram nove encomendas firmes e 10 opções, bem menos que os 360 aviões que seriam necessários para cobrir os investimentos feitos até então. Mas o avião era de fato muito bom: econômico, espaçoso, silencioso. No entanto, as vendas prosseguiam lentamente. Até o fim de 1975, somente mais quatro empresas compraram o A300: Korean Air, Air Inter, South African Airways e Indian Airlines. Era pouco, muito pouco. O ano de 1976 passou sem uma única aeronave ser vendida. Os aviões iam sendo produzidos, e na falta de compradores, eram pintados de branco. Daí surgiu a expressão “white-tail” que designa aviões sem comprador.
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Quando tudo parecia perdido, foi justamente uma companhia aérea americana que mudou a sorte da empresa européia. A Eastern Airlines, uma das maiores companhias aéreas domésticas dos Estados Unidos na época, concordou em investir US$ 7 milhões treinando seus pilotos. Em contrapartida, a AIRBUS pagaria por toda a manutenção e certificação do tipo. Mesmo sem a companhia aérea comprar um parafuso sequer da AIRBUS. O programa ficou conhecido nos Estados Unidos como “fly before you buy” (Voe depois pague). Deu certo. No dia 2 de maio de 1977, o presidente da companhia aérea, o ex-astronauta Frank Borman, anunciou a compra de 23 aviões mais 34 opções, num investimento de US$ 778 milhões. O programa estava salvo. Este fato entrou para a história da AIRBUS como o momento de ruptura da supremacia da Boeing. Os americanos eram vencidos pela primeira vez em seu próprio mercado. Nos dois anos seguintes, a AIRBUS vendeu nada menos que 256 aeronaves para 32 companhias aéreas. E assim, em questão de poucos anos, a AIRBUS deixou de ser mais um fracasso europeu para se transformar em uma empresa, no mínimo, a ser respeitada.
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O AIRBUS A310 foi o segundo modelo da empresa. Desenvolvido para complementar a operação do A300, foi encomendado inicialmente pela Lufthansa e a Swissair. Nos anos seguintes surgiu toda uma família de modelos como o A320, o A321 e o A319, com 1.300 exemplares vendidos. Tendo como primeiros clientes as companhias aéreas Air France, British Caledonian, Adria Airways, Air Inter e Cyprus Airways, essas aeronaves menores fazem muito sucesso e são as principais responsáveis pela fatia de mercado atual que a empresa conquistou nos dias de hoje. A lição fora aprendida: para ter sucesso no mercado de aviação comercial, desenvolver uma família de produtos é fundamental. E a AIRBUS não parou por aí, partiu para os nichos de mercado até então não disputados: os vôos de longo alcance e de alta capacidade. A entrada da empresa neste segmento foi em grande estilo: logo de saída, não apenas um, mas dois novos aviões: o bi-reator A330 e o quadri-reator A340 (que entrou em operação pelas asas da Lufthansa). Esses aviões de longo curso permitiam transportar de 250 a 440 passageiros por doze ou quinze mil quilômetros. O modelo A340 começou a bater recordes: no Salão de Le Bourget de 1995, a AIRBUS conseguiu um grande feito, um A340-200 partiu de Paris, fez uma escala em Auckland na Nova Zelândia, e retornou no dia seguinte, dando a volta ao mundo com apenas uma escala. O fato serviu para aguçar as expectativas dos clientes, que apostavam nas novas versões de ultra-longo alcance. Mas antes que isso acontecesse, era preciso rever alguns conceitos. Até porque a briga esquentou de vez com a americana Boeing, quando esta adquiriu o controle da McDonnell Douglas. A princípio, a empresa européia entrou com uma ação contra a medida. Depois, a razão falou mais alto.
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Até porque antes, a própria AIRBUS precisava arrumar sua casa: anos de um consórcio multinacional, com 5 línguas diferentes atrasavam processos e encareciam os produtos. A empresa finalmente se reorganizou, deixando de ser um consórcio e transformando-se numa “identidade única”, agora sob o comando de Noël Forgeard. Com a casa em ordem, era hora de voltar aos novos produtos. Foram lançados os novos modelos do A340, conhecidos como modelos A340-500 e A340-600: maiores voavam mais longe e tinham a fuselagem mais longa, capazes de transportar até 400 passageiros em três classes. O lançamento oficial do programa foi feito em 1997 durante o Salão Aéreo de Le Bourget. O primeiro vôo do A340-600 foi realizado em abril de 2001 e as entregas começaram em julho do ano seguinte. Porém o que mais chamaria a atenção na história do consórcio era a ousadia do fabricante ao desenhar o maior jato de todos os tempos: o A380.
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O mais novo membro da família AIRBUS nasceu da constatação de que, dentro de um período de tempo bastante curto, aeroportos de cidades como Tóquio, Londres e Nova York não poderão receber um número maior de vôos. Daí a necessidade de transportar mais passageiros em cada aeronave. A aeronave, muito criticada por suas enormes dimensões, entrou em operação oficialmente no dia 25 de outubro de 2007 através da companhia aérea Singapore Airlines. Poucos meses depois, em 14 de dezembro, a AIRBUS atingiu a marca histórica de 5.000 aviões entregues. No final de 2008, a empresa européia inaugurou uma moderna fábrica em Tianjin, a 120 km de Pequim, especificamente construída para montagem dos modelos A320. Exatamente no dia 18 de janeiro de 2010 a AIRBUS entregou oficialmente sua aeronave de número 6.000 em toda sua história.
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A linha do tempo
1978
Lançamento oficial do AIRBUS A310. A primeira versão desenvolvida foi a A310-200, de médio alcance. Inicialmente conhecido como A300B10, o modelo tinha 13 seções a menos na fuselagem que o A300. Além disso, sua fuselagem traseira, asa, e arquitetura de cabine de comando (para dois tripulantes) mostravam a evolução do “irmão caçula”. Tendo realizado seu primeiro vôo no dia 3 de abril de 1982, iniciou serviços regulares com a Lufthansa no ano seguinte. Numa homenagem às duas clientes iniciais, o A310 fez sua estréia com a pintura da Swissair no lado esquerdo e da Lufthansa no direito. Em seguida, veio a versão melhorada do A300 básico. Em 8 de julho de 1983, a empresa lançou a aeronave A300-600.
1984
Lançamento oficial do AIRBUS A320, uma aeronave para rotas médias e curtas, com capacidade para até 180 passageiros, que trazia uma revolução tecnológica espetacular: o cockpit eletrônico foi melhorado e o sistema de comandos de vôo era derivado do Concorde. Era o mais moderno jato até então construído. Para se ter uma idéia, ele não possuía manche: apenas um joystick, que como nos caças a jato e nos vídeo games, era utilizado para pilotar o avião. E mais: dependendo dos comandos efetuados pelo piloto, se o computador considerasse a manobra indevida ou arriscada, (por exemplo, aproximando-se demais do terreno, voando lento demais, enfim, voando fora dos limites de uma operação segura), o computador simplesmente assumia o controle da aeronave, cancelando a atuação dos pilotos. Foi a Princesa Diana, que no dia 14 de fevereiro de 1987, perante milhares de convidados da AIRBUS na fábrica de Toulouse, derramou champanhe no nariz do primeiro A320 construído. Era o consórcio europeu mandando claramente um recado para o outro lado do Atlântico: a AIRBUS veio para ficar. O modelo entrou em operação no mês de março de 1988. Hoje em dia, o A320 é o modelo de maior sucesso da empresa, e pode ser no futuro uma das aeronaves comerciais mais vendidas da história da aviação. Em 2009, a empresa entregou o A320 de número 4.000.
1987
Lançamento oficial do AIRBUS A330, aeronave comercial de passageiros de maior capacidade (253 a 440 passageiros) de operação para médias e longas distâncias fabricada pela AIRBUS. Esse modelo em vôo de cruzeiro consome por passageiro menos combustível por quilômetro voado do que um carro médio, rodando em uma estrada. Um feito prodigioso para a aviação e mais uma mostra de todo o poder engenho da AIRBUS. É por esta razão que, a despeito de um avião como este novo custar algo em torno de US$ 150 milhões, com sua economia de combustível, operação e manutenção, ele praticamente se paga sozinho. O primeiro vôo inaugurou aconteceu no dia 2 de novembro de 1992 pelas asas da Air Inter. Porém, o desenvolvimento do A330 não parou por aí: em 13 de agosto de 1997, a mais nova versão do avião, o modelo 200 fez seu primeiro vôo. Esta era uma versão de longo alcance, capaz de voar 6.450 milhas (12.000 km). Com fuselagem encurtada em relação ao A330-300, acomodava em média 270 passageiros. Este modelo, no Brasil é operado pela companhia aérea TAM. Ao fim de janeiro de 2009, um total de 900 aeronaves A330 haviam sido encomendadas e 540 entregues.
Lançamento oficial do AIRBUS A340, um avião civil de passageiros de longo alcance e larga fuselagem, muito similar ao AIRBUS A330, mas equipado com quatro motores, ao invés de dois. De início, duas versões foram fabricadas: a 200, de fuselagem mais curta, para 263 lugares em média; e a versão 300 com 295 assentos divididos em três classes de serviço. O primeiro vôo teste aconteceu em 25 de outubro de 1991. A Air France e a Lufthansa foram as primeiras a encomendar e receber os aviões, que entraram em operação no mês de janeiro de 1993. Com o lançamento do Boeing 777 em 1994, o A340 ganhou um concorrente à altura, forçando a AIRBUS a desenvolver novas versões do modelo: A340-500 e A340-600 (avião mais comprido do mundo) lançados em 2001.
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1989
Lançamento oficial do AIRBUS A321, que basicamente era um modelo A320 alongado, com mínimas mudanças e capacidade média para 185 lugares, podendo chegar a 220. Era o primeiro avião da AIRBUS a não ser montado em Toulouse. O vôo inaugural aconteceu em 11 de março de 1993 e o modelo entrou em operação no ano seguinte pela Lufthansa. Atualmente a empresa já entregou mais de 500 unidades deste modelo.
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1991
Lançamento oficial do AIRBUS A300-600ST (Super Transporter). A versão cargueira com grande capacidade volumétrica do AIRBUS A300-600 foi projetada para substituir os antigos Super Guppy, que ironicamente eram Boeings 377 dos anos 50 bastante modificados. Os números desse gigante eram impressionantes: 56.16 metros de comprimento, 44.84 metros de envergadura, 17.34 metros de altura, e capacidade máxima de carga na decolagem de 155.000 kg. Estes aviões foram, até a entrada em operação dos “Beluga” (como foram apelidados) utilizados pela AIRBUS para transportar asas e fuselagens de suas aeronaves entre as fábricas situadas na Alemanha, França e Reino Unido. Apenas três anos depois o primeiro protótipo fazia seu primeiro vôo, em 13 de setembro de 1994, dando início ao processo de homologação, recebida em meados de 1995 após 400 vôos de teste. A primeira unidade entrou em operação na AIRBUS em janeiro de 1996. A entrega da quarta unidade ocorreu de junho de 1998, quando finalmente os Super Guppy foram aposentados.
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1993
Lançamento oficial do AIRBUS A319, modelo desenvolvido para competir diretamente com os Boeing 737-300 e 500. O modelo é um A320 mais leve e encurtado: possui o peso reduzido, motores menos potentes, estrutura mais leve e transporta aproximadamente 130 passageiros. Entrou em serviço em abril de 1996 através da Swissair. A tecnologia da AIRBUS permitiu algo inédito, conhecido como CCQ (Cross Crew Qualification). Com uma pequena adaptação que não leva mais do que um dia para ser realizada, as tripulações dos A319/320/321 tornam-se qualificadas a pilotar não apenas estes três tipos, como também os modelos A330 e A340.
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1997
Lançamento oficial do AIRBUS ACJ, primeiro jatinho executivo produzido pela empresa com capacidade para até 50 pessoas.
1999
Lançamento oficial do AIRBUS A318, também conhecido como “Mini-Airbus” ou “baby bus”, sendo o menor membro da família A320, com capacidade entre 107 e 127 passageiros. A aeronave é 6 metros mais curta e tem menos 14 toneladas do que o A320. Para compensar a redução da fuselagem, ele tem o estabilizador vertical cerca de 80 centímetros menor do que as outras variantes do A320. O modelo tem capacidade de carregar 109 passageiros em duas classes. Seu principal uso para as companhias aéreas é para rotas de baixa densidade entre cidades médias. O novo modelo estreou no mês de outubro de 2003 pelas asas da Air France. Até hoje já foram entregues 73 aeronaves deste modelo.
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2002
Lançamento oficial do AIRBUS A380, um projeto que durou mais de dez anos e consumiu €12 bilhões. O gigante possui números que impressionam: transporta entre 545 a 845 passageiros; pesa 277.000 kg (vazio); suporta até 560.000 kg; mede 72.75m de comprimento e 24.08m de altura com envergadura de 79.80m; atinge velocidade de 970 km/h, alcançando uma altitude de cruzeiro de 15.200m e autonomia para 14.800km. O preço do “brinquedinho”: US$ 290 milhões. Devido ao seu peso, toda a traseira é construída em um composto de fibra de carbono que é muito mais leve que o alumínio. O novo modelo é o primeiro a ter dois andares em toda a extensão da fuselagem, acomodando seus passageiros na configuração 2-2-2 (deck superior para a primeira classe e executiva) e 3-4-3 no deck principal. O acesso ao deck superior é feito por escadas nas duas extremidades do deck principal. O avião, chamado freqüentemente de “Super Jumbo”, fez seu primeiro vôo experimental no dia 27 de abril de 2005 em Toulouse na França. Em 4 de setembro de 2006, um A380 com 474 funcionários da EADS fez seu primeiro vôo com passageiros partindo e retornando para a cidade de Toulouse na França com objetivo de checar os serviços de bordo. Finalmente, no dia 25 de outubro de 2007, foi realizado o vôo inaugural do A380, entre Singapura e Sydney. Decolou do aeroporto de Xangai com 455 passageiros a bordo, e pousou em Sydney na Austrália. A Singapore Airlines vendeu os bilhetes do vôo de estréia do modelo na aviação comercial através de um leilão beneficente e doou os cerca de US$ 2 milhões recebidos à Associação do Câncer do Pulmão de Singapura, a dois hospitais infantis de Sydney e à organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras. Atualmente existem mais de 38 unidades do A380 voando pelo mundo. Clique na figura abaixo para ver a configuração completa do A380.
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2006
Lançamento oficial do AIRBUS A350, uma nova família de aeronaves wide-body, destinada a competir com o Boeing 777 e o Boeing 787. Será o primeiro avião da empresa com fuselagem e a estrutura das asas constituídas principalmente por plástico reforçado de fibra de carbono. A sua entrada em serviço está prevista para 2013 pelas asas da Qatar Airways. -
2007
No dia 27 de março a empresa européia encerrou a produção dos famosos aviões A300 e A310.
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As nomenclaturas
A nomenclatura utilizada pela AIRBUS para designar os 14 modelos de aviões que produz é geralmente composta por uma letra seguida por três números. Cada modelo possui a letra A seguida pelo número três, que geralmente é seguido por dois zeros (exceto nos modelos A318, A319 e A321). Essa nomenclatura é seguida por mais três dígitos. Os três números representam, respectivamente, a série do avião, o produtor do motor e aversão do motor. Por exemplo, no modelo A-320-321. O número 2 representa a série do avião (neste caso A320-200), o número 3 representa o fabricante do motor ou turbinas (International Aero Engines), e o número 1 a versão dos motores (V2500-A1). Os códigos para designar o produtor dos motores e turbinas são:
General Electric = 0
CFM International = 1
Pratt & Whitney = 2
International Aero Engines
(R-R, P&W, Kawasaki, Mitsubishi, e Ishikawajima-Harima) = 3
Rolls-Royce = 4
Engine Alliance (GE and P&W)
= 6
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A montagem
Um avião AIRBUS é verdadeiramente fruto comum de uma união total. As asas dos aviões são fabricadas na Grã-Bretanha, algumas partes do corpo em Hamburgo ou Bremen (Alemanha), o cockpit em Toulouse, sede do grupo, Nantes ou Saint-Nazaire (França) e a empenagem na Espanha. O conjunto das peças é levado até o ponto da montagem final, na Daimler Benz em Hamburgo, para o A319 e o A321 e na Aerospatiale em Toulouse para o A320, o A300, o A330 e o A340. Foi isso sem dúvida que fez com que ele fosse chamado de “um avião político” pelo primeiro responsável do consórcio, Roger Béteille. Ao todo, o processo de fabricação leva em torno de um ano para cada modelo. Durante esse tempo, os pilotos passam por uma formação de cinco semanas nos centros de Toulouse, Miami e Pequim. Os mecânicos por sua vez recebem uma formação de quatro mil horas. O custo colossal da formação das tripulações atinge 20% do preço final dos aviões, mas este é um argumento de peso na hora da venda.
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Para que fosse possível a fabricação do avião, a AIRBUS teve de construir novas instalações. Foram preparadas centrais de trabalho em quinze cidades: três delas na Espanha, seis na Alemanha, quatro na França e duas no Reino Unido. Na maioria dos casos, foi necessária a construção de novos edifícios para receber as modernas linhas de produção. O último prédio a ser inaugurado foi na cidade de Hamburgo, na Alemanha, onde é realizada a montagem de componentes. Localizado em uma área de 140 hectares ao lado do Rio Elba, o edifício tem 27.000 metros quadrados de superfície e 35 metros de altura. Para se ter uma idéia da magnitude da obra, em sua construção foi utilizada 4.800 toneladas de aço. Além da montagem de componentes e sistemas avançados, a sede alemã também é responsável por alguns testes de vôo e pela entrega das aeronaves para os clientes da Ásia. Na cidade de St. Nazaire, na França, foi erguido um hangar destinado à instalação de interiores e à pintura das aeronaves. Com 370 metros de comprimento e 32 metros de altura, é um dos maiores do mundo. O lugar pode abrigar até quatro A380 ao mesmo tempo. Em Broughton, cidade vizinha de Liverpool na Inglaterra, parte do prédio original foi colocada no chão e, depois, reconstruída para que pudesse construir as asas do gigante da AIRBUS. O principal hangar de construção do A380 fica em Toulouse, na França, onde é feita a montagem final dos aviões. Como ocorreu com os modelos A340 e A330, as instalações existentes não eram suficientes. Mais uma vez, a empresa teve de ampliar a sede. A linha de montagem do A380 foi construída em uma área de 200 hectares perto do aeroporto local.
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A rivalidade
Há muito tempo que AIRBUS e Boeing competem para ver quem vende mais em menos tempo. Uma acusa a outra de só conseguir sucesso graças às massivas subvenções estatais. É uma guerra declarada. Ridicularizada pelos americanos por suas pretensões iniciais, a AIRBUS precisou de 33 anos para voar mais alto que a empresa americana. Ao final, a AIRBUS triunfou, vencendo nesta guerra seus inimigos norte-americanos: a Lockheed desapareceu do mercado de grandes aeronaves civis em 1991. A McDonnell Douglas, outrora um gigante, foi reduzida até ser engolida pela Boeing, única empresa que sobrou para rivalizar com a agora rival de peso européia. Nos últimos anos a empresa européia vem conseguindo bater a rival norte-americana, ao menos no que diz respeito a aeronaves entregues: AIRBUS 498 x 481 BOEING (2009), AIRBUS 483 X 375 BOEING (2008), AIRBUS 453 X 441 BOEING (2007), AIRBUS 434 X 398 BOEING (2006), AIRBUS 378 X 290 BOEING (2005), AIRBUS 320 X 285 BOEING (2004), e AIRBUS 305 X 281 BOEING (2003). Porém, a BOEING leva ampla vantagem quanto o assunto é aviões em operação: de cada sete em operação 6 são da empresa americana. Tanto a empresa européia como a americana, também travam uma guerra de egos: enquanto a AIRBUS gaba-se de possuir o maior avião comercial do mundo (o modelo A380), a BOEING por sua vez possui o avião comercial de maior sucesso da história (o modelo 737).
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Na área militar
A empresa européia também atua na área militar, segmento que ingressou em 1999. Através da divisão AIRBUS MILITARY produz o AIRBUS A400M, avião de 4 motores (TP400-D6), para atender a demanda dos países europeus para aeronaves de transporte militar. O novo modelo substituiu o Hercules C-130 e o Transall C-160, atualmente em serviço das forças militares européias. A linha de montagem final do primeiro aparelho de transporte militar está localizada em San Pablo, nas instalações da divisão militar da empresa, nos arredores de Sevilha na Espanha. Desde que foi colocado à venda, o modelo foi encomendado por países como África do Sul, Chile e Malásia. Este avião começou a ser entregue à seus compradores a partir de 2009. A divisão também disponibilizará versões do A330 adaptadas para uso militar.
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Os acidentes
Nem somente de glórias vive a história de uma empresa. E com a AIRBUS não foi diferente. Na aviação não existe coisa pior para uma empresa de aviação que um acidente, que gera desconfiança, não somente por parte de passageiros como para companhias aéreas. A AIRBUS no decorrer dos anos precisou gerenciar graves crises decorrentes de acontecimentos dramáticos como em 14 de fevereiro de 1990, quando um avião da Indian Airlines - vôo 605, modelo A320-231 com 146 pessoas, caiu ao aproximar-se do aeroporto de Bangalore, matando 88 passageiros e 4 tripulantes; em 23 de agosto de 2000 quando um avião da Gulf Air - vôo 072, modelo A320-212 - caiu no Golfo Pérsico ao aproximar-se do aeroporto do Bahrain matando todos os 143 passageiros; em 3 de março de 2006 quando um avião da Armavia - vôo 967, modelo A320-211 - caiu no Mar Negro na segunda aproximação do aeroporto de Sochi, matando todos os 113 passageiros e tripulantes; em 17 de julho de 2007 quando o avião da companhia aérea brasileira TAM Linhas Aéreas - vôo JJ 3054, modelo A320-233, no pior acidente da indústria de aviação comercial do Brasil, acidentou-se no Aeroporto de Congonhas matando todas as 187 pessoas (180 passageiros e 7 tripulantes), mais 12 pessoas que estavam no prédio no qual o avião colidiu, totalizando 199 mortos. Todos os acidentes acima ocorreram durante a aproximação ou aterrisagem.
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A evolução visual
Em setembro de 2010 a AIRBUS apresentou sua nova identidade visual, primeira grande mudança desde sua fundação. O novo logotipo mantêm o símbolo original, em forma de bola, que representa a unificação das empresas fundadoras para criar a AIRBUS, porém adotou nova fonte de letra.
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Dados corporativos
● Origem:
França e Alemanha
● Fundação: 18 de dezembro de 1970
● Fundador:
Aerospatiale e Deutsche Aerospace
● Sede mundial:
Toulousse, França
● Proprietário da marca:
EADS Company
● Capital aberto: Não (subsidiária)
● CEO & Presidente: Thomas Enders

● Faturamento: €30 bilhões (estimado)
● Lucro:
Não divulgado
● Fábricas: 23
● Aeronaves entregues: 498 (2009)
● Presença global:
100 países
● Presença no Brasil:
Sim
● Funcionários:
52.000
● Segmento: Aeroespacial
● Principais produtos: Aviões comerciais
● Ícones: O Super Jumbo A380
● Slogan: Setting the standards.
● Website:
www.airbus.com
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A marca no mundo
A AIRBUS é atualmente a maior fabricante de aviões comerciais (com mais de 100 lugares), e está sediada em Toulouse na França. A empresa já entregou, ao longo de sua história, mais de 6.400 aviões, dos quais, aproximadamente 6.105 continuam em operação (somente o A320 tem 4.370 unidades em operação). Em 2009 a empresa entregou 498 aeronaves para companhias aéreas comerciais, um verdadeiro recorde na história da AIRBUS. A cada dez segundos uma aeronave produzida pela AIRBUS decola ou aterrissa em alguma parte do mundo. A empresa é uma subsidiária da EADS (que detém 80% da empresa) e da BAE systems (os 20% restantes). Essas duas empresas são os maiores fornecedores de material bélico na Europa. A empresa emprega aproximadamente 52 mil pessoas em vários países europeus. As fábricas principais estão localizadas em Toulouse (França) e Hamburgo (Alemanha). Atualmente a empresa oferece 14 modelos de aeronaves, desde o A318 com capacidade para 100 pessoas até o gigante A380, maior aeronave civil da indústria.
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Você sabia?
O nome completo e oficial da empresa é Airbus Société par Actions Simplifiée.
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As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
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Última atualização em 21/11/2010

8 comentários:

Anônimo disse...

Isso mesmo!
AirBus

Anônimo disse...

Caneta é Montblanc , carro é Rolls-Royce , Isqueiro é Dupont ...e amigo,, avião é BOEING !!!!!

Anônimo disse...

Tecnologia de ponta à ponta é Airbus- Mas a de lado a lado é Boeing.por isso é difícil escolher.se fossem brasileiras não iam a frente nunca.

Anônimo disse...

cara a airbus é da hora ,mas ainda prefiro a boeing , cara cerveja é heineken ou budweiser ,tv é sony,ou philips,ou até sansung , e refrigerante é pepsi cola

Germano disse...

Só uma correção: não existe o modelo mencionado "A-320-321", já que as séries para A320 são apenas 100 e 200. Nessa aeronave em particular a série não determina o tamanho, mas um pequeno 'upgrade' que foi realizado no início da fabricação destes aviões.

Anônimo disse...

Pocha o Beluga carrega mais peso do que um a380 pq ele so tem 2 turbinas?

Anônimo disse...

Conheci o blog por agora, gostei bastante! Parabéns!

Rui Azul disse...

Ideia feita é preconceito, ou conceito prévio, não, amigo? Ou porque será que esferográfica é BIC, scooter é Vespa, lâmina é Gillette, vermute é Martini, refrigerante é Coca-Cola, fita-cola é Tesa-film, rolo fotográfico é Kodak? Caneta é Parker, isqueiro é Ronson, carro é Volkswagen ("Das Auto", não esqueça!), e avião... é Antonov!!! Porque não??