16.5.06

REUTERS


Olhos, ouvidos e bocas do mundo. Dificilmente escapa alguma coisa, do assassinato do presidente americano Abraham Lincoln, passando pelos conflitos da Segunda Guerra Mundial, ou até mesmo, notícias comuns que não tenham tanto impacto nas economias mundiais. A REUTERS (pronuncia-se róiters) está sempre alerta, pronta a informar com total independência, como diz seu popular slogan “Know. Now.” (“Saiba. Agora.”). 

A história 
Tudo começou quando o alemão Paul Julius Reuter encontrou um nicho de mercado ao entregar as mais recentes notícias e informações utilizando a tecnologia mais veloz disponível na época. Em 1850, essa tecnologia era composta por cabos telegráficos e uma frota de 200 pombos-correio, que prestavam serviços de notícias e informações sobre preços de ações na Bolsa de Valores entre a cidade de Bruxelas, na Bélgica, e Aachen, na Alemanha, em um período de 2 horas, superando em sete horas o trajeto feito por ferrovia. Atualmente uma placa afixada no edifício em Aachen tem os dizeres: “Paul Reuter, fundador da agência de notícias REUTERS, recebeu em 1850, a partir do telhado deste edifício, notícias de Bruxelas com a ajuda de pombos-correio. Iniciou deste modo o seu trabalho ao serviço do trânsito de notícias do mundo”. Ele chegou à Londres e no dia 14 de outubro de 1851 abriu um pequeno escritório com a ajuda de um office-boy, de apenas 11 anos, no centro financeiro da cidade, localizado no 1 Royal Exchange Building, próximo aos principais escritórios telegráficos, para transmitir a cotação de ações do mercado entre a capital britânica e a cidade de Paris através do novo cabo telegráfico submarino Dover-Calais, fornecendo também proficiência em comunicações telegráficas. Era o início do que viria a se tornar a REUTERS TELEGRAM COMPANY.


Mas a vida na capital inglesa a princípio não foi tão fácil. Enquanto a cobertura das bolsas era relativamente bem aceita pelos bancos e corretores locais, os jornais recusavam-se a aceitar o noticiário de Reuter, alegando não só que já possuíam seus próprios repórteres, como também insistindo que o famoso cabo submarino não poderia ser assim tão confiável, e sempre correria o risco de partir-se no fundo do mar. Percebendo, porém, que os donos de jornais se mantinham irredutíveis e certos de que seus repórteres eram os melhores do mercado, ele teve mais uma de suas ideias geniais: ofereceu-lhes duas semanas de fornecimento dos seus serviços noticiosos absolutamente grátis. Os editores, que achavam que jamais Reuter poderia informar melhor que eles próprios, aceitaram o desafio, já que não tinham nada a perder, não deixaram de aproveitar a ocasião para menosprezar aquele atrevido “néo-inglês”, dedicando-lhe, na despedida da reunião, um leve sorriso de desdém. Mal sabiam eles com quem estavam lidando. Reuter já havia traçado sua estratégia tipo “pombo-correio”: chegaria antes com as notícias e “furaria” todo aquele bando de garotos-aprendizes que os editores chamavam de brilhantes repórteres. E deu certo. Com a agilidade de seus agentes capazes de improvisar soluções geniais e rápidas para seus problemas, e mais o uso do telégrafo via cabo submarino, ele deu um verdadeiro shows de notícias exclusivas. “Furou” tanto o pessoal dos editores que estes, finalmente, dobraram-se à evidente eficiência do néo-inglês. Que, aos poucos deixou de ser “néo” para se transformar em um autêntico e respeitado empresário jornalístico inglês.


Com o sucesso da nova empresa, em 1858 novos escritórios foram inaugurados em todo continente europeu, de acordo com a máxima de Paul Julius, “siga os cabos”. Nesta mesma época o conteúdo foi ampliado para informações econômicas e notícias atuais do mundo. Sua reputação cresceu com reportagens importantes, exclusivas e grandes furos, como quando foi o primeiro a informar que o imperador Napoleão III da França ia declarar guerra à Áustria; ou ainda em 1865 quando noticiou, uma semana depois, mas em primeira-mão, o assassinato do presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln, vitimado por um tiro na madrugada de 14 de abril.


Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, a agência inaugurou seu primeiro escritório fora do continente europeu, na cidade do Cairo no Egito (1865); e chegou aos países do leste europeu (1872) e América do Sul (1874). Paul Julius Reuter aposentou-se aos 61 anos em 1878, devido a problemas de saúde. Morreu no dia 25 de fevereiro de 1899 em sua residência em Nice, na França. Em 1923 foi a primeira agência a utilizar o rádio para transmitir notícias internacionalmente e iniciou um serviço de cotação de preços e taxas de câmbio enviadas para a Europa por Código Morse através de rádios de ondas longas. Isso se tornou, nos anos seguintes, serviço comercial da REUTERS na Europa, sendo mais tarde ampliado para outras partes do mundo, com o uso de rádios transmissores extremamente potentes. A REUTERS cedeu à pressão do governo inglês durante a Segunda Guerra Mundial para atender os interesses do povo britânico durante o conflito. Mas não demorou muito para que a REUTERS escapasse dessas pressões ao se reestruturar como uma empresa privada e com a adoção em 1941 do REUTERS TRUST PRINCIPLES, com curadores independentes, o que preservava sua independência e neutralidade. Esses princípios foram mantidos e reforçados quando a empresa abriu seu capital na Bolsa de Valores em 1984. Nos anos seguintes a REUTERS introduziu inúmeras novidades no mercado, utilizando novas tecnologias de comunicação com o objetivo de viabilizar e agilizar a transmissão de dados e notícias para qualquer lugar do mundo onde houvesse o mínimo de infraestrutura.


Em 1989 foi a primeira agência a divulgar a notícia sobre a queda do Muro de Berlim. Havia sido também a primeira a anunciar a sua construção em 1961. Na década de 1990 a REUTERS se expandiu através de aquisições, como por exemplo, em 1992 quando comprou a Visnews, nova agência de filmes para TV, rebatizando-a como REUTERS TELEVISION; e no ano de 1986, quando conclui a aquisição da Instinet, hoje a maior empresa de corretagem eletrônica do mundo. Em maio de 2007 a REUTERS foi comprada por £8.7 bilhões pelo grupo editorial canadense Thomson Corporation, fundado em 1934. A transação necessitou da aprovação de entidades reguladoras, pois formou a maior agência do segmento, batizada de THOMSON-REUTERS, detentora de 34% de participação de mercado, acima dos 33% da Bloomberg, então líder mundial, segundo dados da Inside Market Data.


Hoje em dia a REUTERS, embora saudosa dos momentos românticos dos primeiros tempos, já não utiliza pombos-correio, balão, cilindros de metal ou linhas telegráficas particulares. Suas notícias viajam a jato, via satélite, banda larga de altíssima velocidade, cada vez mais ao vivo, cada vez mais em cores. Seus jornalistas fazem uma cobertura sem igual das notícias nacionais e internacionais, em diversos idiomas, sobre tópicos como notícias de última hora, negócios, finanças, políticas, esportes, entretenimento, tecnologia, saúde e muito mais. Por isso se tornou famosa por entregar notícias de todos os cantos do planeta a um público que confia, respeita e gosta desse conteúdo.


A linha do tempo 
1883 
Início da utilização de colunas impressas para transmitir mensagens elétricas para os jornais britânicos. 
1927 
Início da utilização do teletipo (teleprinter) para distribuir notícias para os jornais de Londres. 
1964 
Tornou-se pioneira na utilização de computadores para transmissões internacionais de dados financeiros, com o lançamento do Stockmaster
1970 
Introdução do Videomaster, que exibia preços de ações e commodities na tela. 
1973 
Lançamento do serviço Reuters Monitor Money Rates, mercado eletrônico para moedas estrangeiras, uma grande inovação mundial. O serviço foi expandido para abrigar notícias e preços de ações e títulos, commodities e câmbio. 
1981 
O serviço Reuters Monitor Dealing começou a ser transmitido ao vivo, possibilitando que corretores de moedas estrangeiras tivessem condições de concluir transações através de terminais de vídeo. Novamente, era o primeiro serviço desse tipo do mundo. 
1985 
Lançamento de um serviço internacional de notícias com imagens. 
1987 
Lançamento do serviço de cotações Equities 2000 em Rede de Dados Integrados (IDN), “uma espécie de auto-estrada mundial para dados”. 
1992 
Lançamento do Dealing 2000, primeiro serviço internacional computadorizado para comparações de taxas de câmbio, que operava como um corretor. 
1994 
Lançamento do serviço Reuters Financial Television direcionado aos mercados financeiros, fornecendo aos negociantes, em sua tela de negociação, cobertura ao vivo dos eventos que movimentam o mercado. 
1996 
Introdução da série 3000, um pacote de produtos dos mercados de Capitais, de Tesouraria e Financeiros, que proporcionava aos clientes acesso a informações históricas, bem como a dados e notícias em tempo real. 
1999 
Conclui seu programa de conversão para o euro, que envolveu 4 bilhões de alterações e afetou 250 mil instrumentos financeiros. Aproximadamente 700 engenheiros, especialistas em dados e equipes de atendimento ao cliente trabalharam no projeto, que custou £10 milhões. 
2015 
Lançamento da REUTERS TV, um serviço digital que oferece conteúdo em vídeo personalizado para os assinantes. O slogan do serviço é “It’s not TV, it’s Reuters TV”
2017 
Lançamento do REUTERS CONNECT, uma plataforma única para todos os conteúdos, com notícias de última hora e arquivos, além de uma grande variedade de artigos em texto, vídeos, imagens e infográficos produzidos pela REUTERS e por algumas das organizações de notícias líderes no mercado mundial.


A evolução visual 
O logotipo da REUTERS mudou bastante desde quando foi criado por Julius Reuter em 1851. A mudança mais significativa aconteceu em 1965 quando foi apresentado o tradicional logotipo composto por exatos 84 pontos, conhecido como Dot Logo, que foi inspirado no teleprinter. Em 1995 foi introduzido um símbolo, conhecido como rounded piece, ao lado do nome REUTERS. O símbolo, reprodução da figura estilizada de um globo, representava a globalização da marca. Além disso, os pontos do logotipo foram eliminados e uma nova tipografia de letra foi adotada para proporcionar melhor visualização nos monitores de computador. No dia 17 de abril de 2008 quando a operação de fusão com a canadense Thomson foi totalmente concluída, a nova empresa, chamada THOMSON REUTERS, apresentou uma nova identidade visual para a REUTERS no lançamento das ações da empresa nas bolsas de valores de Toronto, Nova York e Londres.


Dados corporativos 
● Origem: Inglaterra 
● Fundação: 14 de outubro de 1851 
● Fundador: Paul Julius Reuter 
● Sede mundial: Canary Wharf, Londres, Inglaterra 
● Proprietário da marca: Thomsom Reuters Corporation 
● Capital aberto: Não (subsidiária) 
● Chairman: David Thomson 
● CEO: Stephen Adler 
● Faturamento: US$ 7 bilhões (estimado) 
● Lucro: Não divulgado 
● Escritórios (Bureau): 200 
● Presença global: 151 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 18.000 
● Segmento: Mídia 
● Principais produtos: Notícias, informações e cotações financeiras 
● Concorrentes diretos: Associated Press, Bloomberg, French-Presse, Effe, United Press International, All Headline News e Dow Jones & Company 
● Slogan: Know. Now. 
● Website: br.reuters.com 

A marca no mundo 
A REUTERS é a maior e mais confiável agência de notícias do mundo, com um staff editorial de 3.100 pessoas entre jornalistas, fotógrafos e operadores de câmera, que estão espelhados por 200 cidades em mais de 100 países, servindo mais de 570 mil usuários em 50.600 localidades de 151 nações. Com faturamento estimado de US$ 7 bilhões, mais de 18 mil funcionários, a empresa divulga diariamente 30.000 manchetes, incluindo contribuições de terceiros, e publica mais de oito milhões de palavras em mais de 16 idiomas. A agência disponibiliza informações relevantes para jornais, redes de televisão (aberta e cabo), estações de rádio e websites. A REUTERS estima que mais de 80 milhões de pessoas leem suas notícias todo mês. Aproximadamente 75% de seu faturamento vêm da prestação de serviços financeiros para empresas. 

Você sabia? 
A REUTERS tem um vasto arquivo com mais de 13 milhões de imagens e um arquivo de filmes que datam desde 1896. 
A REUTERS fornece cotações em tempo real a mais de 940 mil instrumentos financeiros, proporcionando informação histórica sobre mais de 40.000 empresas, além de gerar mais de 1.5 milhões de notícias por mês. A empresa é o principal fornecedor de conteúdo para a internet, suprindo mais de 1.500 sites neste segmento. 
O último membro da família Reuters, Marguerite, morreu aos 96 anos no dia 25 de janeiro de 2009, após sofrer uma série de derrames. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Exame e Isto é Dinheiro), jornais (Valor Econômico, Folha e Estadão), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 24/7/2018

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